sábado, 30 de junho de 2012

A caminho de um falhanço colossal

"A caminho de um falhanço colossal" é o título do artigo de opinião, da autoria de Nicolau Santos, no Expresso de hoje.
De quem será o falhanço? Escreve Nicolau Santos: "Não poupemos nas palavras. Um ano após ter tomado posse e definido uma estratégia que foi claramente mais longe do que aquilo que estava acordado com a troika, o Governo está à beira de um falhanço colossal em matéria do Orçamento do Estado. (...) Ora perante um Governo que calculou que o IVA ia crescer 11,6% e está confrontado com uma descida de 2,8% até maio; com uma quebra nos impostos sobre veículos que estava prevista ser de 6,5% e já vai em 47%(!); com um recuo esperado de 2,1% no imposto sobre produtos petrolíferos, que ascende já a 8,4%; com um aumento do subsídio de desemprego de 23%, quando o Executivo apontava para 3,8%; e com uma quebra nas contribuições dos trabalhadores e empresas para a segurança social de 3%, quando se esperava apenas 1% - o que se pode dizer se não que se trata de um falhanço verdadeiramente colossal da equipa das Finanças e, em particular, do brilhantíssimo e competentíssimo ministro Vítor Gaspar? (...) Este descalabro resulta do profundo desconhecimento de como funciona a economia portuguesa, (...) Em qualquer caso, quando é mais do que evidente como o garrote fiscal está a estrangular a economia e que mais impostos vão provocar ainda mais recessão e menos receita fiscal, é extraordinário que o primeiro-ministro e o ministro das Finanças insistam neste caminho. Já não é fé na receita, mas apenas a mais absoluta irracionalidade".
Mal empregado subsídio de férias!

A civilização do espetáculo

A propósito da recente publicação do ensaio "La civilización del espectáculo", de Mario Vargas Llosa, decorreu no Instituto Cervantes, em Madrid, no passado dia 25 de abril, um debate entre Mario Vargas Llosa e Gilles Lipovetsky. A revista Ler dedica-lhe sete páginas. Em jeito de conclusão, declarou Vargas Llosa: "À superfície, as discrepâncias podem ser numerosas, mas, a um nível profundo, acredito que todos - ou, pelo menos, eu e Gilles - estamos de acordo em que... há que ler Proust, há que ler Joyce, há que ler Rimbaud, em que o que fizeram Kant ou Popper, o que Nietzsche pensou, são também coisas valiosas nesta época e podem ajudar-nos a redesenhar esses programas de educação, dos quais depende que a sociedade do futuro seja menos violenta e menos infeliz do que o é a de hoje."

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Senso de Luchino Visconti

Amanhã, 30 de junho, às 22:40 na RTP2: Senso de Luchino Visconti
Excerto do artigo de João Benard da Costa (artigo completo aqui):

"Depois de se ter visto Senso, nunca mais se pode ouvir a Sétima de Bruckner sem “sentir” que lhe falta essa dimensão de vozes. Depois de se ter vistoSenso, é impossível pensar nas suas imagens sem “ouvir” Bruckner.
Por isso, e num dos mais curiosos paradoxos a que a história da relação cinema-ópera deu lugar, a descendência de Senso não é cinematográfica, mas operática. Se se quiser pensar numa posteridade para este filme, ela não está em nenhum outro (nem sequer em Morte a Venezia, onde Visconti tentou com a Quinta Sinfonia de Mahler um efeito semelhante e muito mais célebre), mas nas encenações de 1955 e 1956 com que o mesmo Visconti revolucionou todos os caminhos da encenação operática neste século. A espantosa criação de Alida Valli, no papel da condessa Livia Serpieri, só teve seqüência nas da Mulher para quem Visconti fez essas encenações: Maria Callas. Em Senso, a voz e a imagem de Alida Valli preparam os caminhos para a voz e para a imagem de Callas.
As ruas de Veneza (quem nunca viu Senso nunca viu Veneza), os celeiros de Lonedo (quem nunca viu Senso nunca viu Palladio), as praças de Verona (quem nunca viu Senso nunca viu Sanmicheli) foram, em 1954, os palcos excessivos, exacerbados e exorbitados para a mais fantomática presença da mais fantomática das vozes."

Leão de Ouro para Álvaro Siza

Pintura de Carlos Botelho

O Arquiteto Álvaro Siza Vieira receberá em agosto o Leão de Ourode carreira na Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza. A Bienal decorrerá de 29 de agosto a 25 de novembro. “É difícil de imaginar um arquiteto contemporâneo que tenha tido uma presença tão consistente dentro da profissão como Álvaro Siza” afirmou Paolo Baratta da direção da Bienal de Arquitetura, em comunicado. Álvaro Siza receberá o Leão de Ouro no dia 29 de agosto na abertura da Bienal. (adaptado da notícia da Lusa)

À ERC compete apenas sentir o zeitgeist

O Presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), Carlos Magno, considerou que "não compete ao regulador fazer acareações" nem julgar as intenções daqueles que analisa, como o ministro Miguel Relvas. Segundo Carlos Magno, em declarações ao Inimigo Público, à ERC compete apenas "sentir o zeitgeist, perceber de forma inconsciente o espírito da época, sem a julgar, chegar às camadas mais profundas da realidade abrindo as obras da percepção.
(in o Inimigo Público, suplemento do jornal Público)

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Anna Karenina no cinema


No último trimestre deste ano vão surgir nos écrans de cinema adaptações de grandes obras literárias. Quem gosta de ler o livro antes de ver o filme não tem tempo a perder.
Teremos as adaptações de O Grande Gatsby, Os Miseráveis e Anna Karenina. Esta última terá Joe Wright como realizador, Tom Stoppard como guionista e Keira Knightley como atora principal. Acabou de ser disponibilizado o trailer. Em relação ao livro há uma edição em português com tradução de José Saramago.

O Outono Árabe - Egito

Foto de Ahmed Jadallah (Reuters)
Os perdedores, até ao momento, são os milhares de egípcios que desencadearam o protesto de 25 de janeiro de 2011 que, menos de três semanas depois, terminaria com a queda de Mubarak. Artigo de Javier Valenzuela, no site do El País, aqui.

domingo, 24 de junho de 2012

Golpe de Estado no Paraguai

Foto de Marcos Brindicci  /  Reuters

“Foi um golpe de Estado, um golpe parlamentar", declarou Fernando Lugo depois de ter sido destituído. Artigo do jornal El País aqui.
Brasil, Argentina, Uruguai e muitos outros países da América Latina condenaram a destituição de Fernando Lugo, Presidente da República do Paraguai, eleito abril de 2008.
Fernando Lugo, ex-bispo católico, identificado com a Teologia da Libertação – amigo do brasileiro Frei Betto e admirador de Dom Hélder da Câmara - tinha avançado com reformas, nomeadamente na saúde e na educação, no sentido de judar os mais desfavorecisos, nomeadamente fornecer medicamentos gratuitos, subsidiar as famílias no limiar da pobreza, fornecer pequeno-almoço e almoço gratuitos às crianças no ensino obrigatório. Estas reformas estavam a ser acompanhadas por um crescimento económico de 14,5%, uma das mais elevadas taxas da América Latina. Estão à vista os maus serviços prestados que justificaram a destituição. Tudo indica que a sua destituição foi motivada pelo receio, por parte dos adversários, que viesse a ser reeleito nas eleições a realizar ainda este ano.

Primavera Árabe - Síria

O bairro do Príncipe em Ceuta. Foto de Fidel Raso

Grupos jihadistas (fundamentalistas islâmicos) estão a recrutar combatentes no estrangeiro para lutarem na Síria como revoltosos sírios. O jornal El País noticia casos concretos que detetou em Ceuta e em Marrocos. A notícia aqui.

Primavera Árabe - Egito

Seguidores do candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Morsi, durante uma ação de protesto, hohe na Praça Tahrir, no Cairo. Foto de Andre Pain (EFE)

No Egito, da Primavera Árabe resultou a vitória do candidato da Irmandade Muçulmana, nas presidenciais.

sábado, 23 de junho de 2012

Exposição de Wolinski


No Porto, a Galeria Daumier abre hoje com uma exposição de Georges Wolinski. A Galeria Daumier é um novo espaço do Museu Nacional da Imprensa.

PortoCartoon 2012


Alessandro Gatto foi o vencedor do Grande Prémio do XIV PortoCartoon-World Festival, organizado pelo Museu Nacional da Imprensa, no Porto, e este ano subordinado ao tema «Ricos, pobres, indignados». Podemos ver outros desenhos de Gatto aqui.
O segundo prémio foi atribuído a Felipe Galindo, na categoria Tema Livre, e o terceiro a Turcios, da Colômbia, e a Valery Doroshenko, da Ucrânia, ex-aequo.

Prémio Mies van der Rohe 2011


Até 2 de setembro, no Espaço Multiusos do Parque Marina Terra de Cascais - Praça D. Diogo de Menezes, estará patente a exposição das obras selecionadas ao Prémio Mies van der Rohe 2011.

Dido e Eneias

Janet Baker interpreta o "Lamento de Dido" da ópera "Dido e Eneias" de Henry Purcell (1659-1695).

"Na sua versão do mito, o libretista (Nahum Tate) retoma globalmente o Canto IV da Eneida de Vergílio (70 a.C.-19 a.C.), com algumas alterações. Em fuga de Tróia, onde o seu povo fora derrotado, e impedido de chegar a Itália por uma tempestade, Eneias vê-se arrastado para uma praia próxima de Cartago onde, uma vez chegado à cidade, conhece a rainha e lhe relata as penas passadas. A paixão é imediata e recíproca. Quando a ópera começa, prepara-se a boda no palácio de Dido. Belinda, sua confidente, procura animar a rainha hesitante, incutindo-lhe a convicção de que o amor que sente é mútuo. É a acção malévola de uma feiticeira opositora de Dido que gorará estas expectativas. Disfarçado de Mercúrio, um elfo comandado pela feiticeira aparecerá a Eneias ordenando-lhe que parta ainda nessa noite por força da vontade de Júpiter. O herói cede à pretensa ordem divina e decide-se por uma partida quase imediata, para grande gáudio da feiticeira e das suas bruxas – e manifesto desespero de Dido. Não suportando a dor, a rainha canta o seu lamento derradeiro até à morte." (excerto do texto de João Pedro Cachopo, inserido no programa da ópera "Dido e Eneidas" numa produção do Teatro Nacional de São Carlos, 2009).

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Prémio PHotoEspaña 2012

Foto de Gorka Lejarceg
O prémio Photo España 2012 foi atribuído a Alberto Garcís-Alix (Léon, 1956), como reconcimento do valor artíatico da sua obra. Pode ler-se a entrevista que concedeu ao jornal El País aqui.
Em edições anteriores o prémio foi concedido, nomeadamente, a: Thomas Ruff, Malick Sidibé, Robert Frank e à portuguesa Helena Almeida.

Pessoa Plural

Acaba de sair o n.º 1 da revista digital "Pessoa Plural". É uma revista universitária de estudos pessoanos de periodicidade anual. Este número da revista tem 335 páginas.
"A revista acolhe propostas de publicação de investigadores de todos os países e todas as nacionalidades (é plural!), interessados pela vida e a obra de Fernando Pessoa, pela dos seus contemporâneos e pela edição de autógrafos modernos, quer o enquadramento teórico do autor de um artigo proposto a Pessoa Plural esteja mais próximo da crítica literária, quer o esteja da crítica textual. 
Para além de artigos, sujeitos a arbitragem científica, a revista publica igualmente entrevistas e recensões críticas, mas somente as que forem directamente pedidas pela direcção.. 
Os números editados de Pessoa Plural estarão disponíveis em linha na página do Department of Portuguese and Brazilian Studies na Brown University. Alguns números da revista têm um dossier temático de abertura; quase todos, uma secção dedicada à apresentação de textos inéditos e subsídios documentais."
Pode fazer-se o download grátis, total ou parcial, da revista aqui.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Blimunda


Hoje, quando se completam dois anos sobre a morte de José Saramago, saiu o n.º 1 da revista literária digital “Blimunda”, editada pela Fundação José Saramago. O download pode fazer-se aqui. A não perder.

domingo, 17 de junho de 2012

Stanley Kubrick, fotógrafo

(à esquerda a atriz Betsy von Furstenberg, adulada por Kubrick como mulher fatal)
Está patente no Museu de Belas-Artes de Bruxelas, até ao dia 1 de julho, uma exposição de fotografias de Stanley Kubrick que se dedicou-se à fotografia antes de optar pelo cinema. Em 1945, com 17 anos vendeu a sua primeira foto. Vendeu-a por 25 dólares à Look Magazine que era, então, a grande rival da Life. Era a foto de um vendedor de jornais emocionado pela morte de Roosevelt. Anos mais tarde Kubrick confessou que tinha encenado a foto. Era a primeira curta metragem de Stanley Kubrick tornada pública.
A exposição é composta por 130 de Kubrick publicadas na revista americana Look. Podemos ver algumas fotos aqui.
Antes de Stanley Kubrick se dedicar à fotografia tinha-se dedicado à música mas concluiu que como músico (pianista) não iria longe.
Também Portugal foi alvo da atenção de Stanley Kubrick, onde esteve em 1948. Deixou-se fascinar por aquela vila de pescadores onde fotografou os locais, a faina da pesca e sobretudo os rostos das crianças e as mulheres vestidas de negro. No livro de Rainer Crone "Stanley Kubrick: Drama and Shadows" (Pahaidon Press, 2006), as fotos da Nazaré ocupam o capítulo "Travelling in Portugal". Segundo Rainer Crone, Stanley Kubrick "inventou um conceito totalmente novo de fotografia, completamente diferente, que consiste em contar histórias com imagens fixas. Ele já então era um cineasta, todas estas fotos são verdadeiros storyboards".

Atravessar a pé as cataratas do Niagara



O equilibrista Nick Wallenda atravessou as cataratas do Niagara sobre um cabo. Foi o único a fazê-lo nos últimos 100 anos. Wallenda tem 33 anos e pertence à sétima geração de uma família de artistas de circo. Partiu de solo americano às 22h locais e chegou ao lado canadiano, tendo percorrido os cerca de 550 metros em aproximadamente 25 minutos.
Ninguém fica indiferente mas devemos reparar no esforço que faz para segurar a vara, dado o seu peso. Além disso, a vara é bastante flexível. De notar também que leva uma mochila e não consta que tenha usado o conteúdo da mochila durante a travessia. O objetivo da vara e da mochila são fazer baixar o centro de gravidade, tornando possível a proeza.

Damien Hirst

Está patente na Tate Modern uma exposição de obras de Damien Hirst. Mario Vargas Llosa é muito crítico em relação a Damien Hirst. Pode ler-se todo o artigo de opinião aqui. No entanto, eu destaco:

"No es exagerado decir que se trata de un honesto embaucador (embusteiro), que, en un mundo en el que ahora todo vale, donde el auténtico talento y el funambulismo andan confundidos, él pasa sus mercancías por lo que verdaderamente son, sin escrúpulos ni pretensiones, dejando que se ocupen de envolverlos en argumentos y justificaciones de densa tiniebla y especiosa dialéctica, esos críticos, galeristas y marchantes que, como los publicistas alquimistas de Saatchi, saben convertir todo lo que brilla en oro, vender gato por liebre e imponer su propia tabla de valores y de jerarquías en medio de la confusión que ha reemplazado las viejas certidumbres y patrones estéticos."
Também de destacar a diferença, que Mario Vargas Llosa regista, no que diz respeito à afluência do público a duas exposições dedicadas a Picasso e à exposição de obras de Damien Hirst:
"A diferencia de dos exposiciones dedicadas a Picasso en Londres – una, en la Tate Britain, documentando su influencia sobre el arte moderno en el Reino Unido y la segunda, en el Museo Británico, con la edición completa de la Suite Vollard, a las que se podía entrar sin demora por el limitado número de visitantes, para acceder a la gran retrospectiva consagrada en la Tate Modern a la obra de Damien Hirst, tuve que hacer una cola de tres cuartos de hora."

sábado, 16 de junho de 2012

Bloomsday

O Bloomsday é celebrado todos os anos para comemorar a vida e obra do escritor irlandês James Joyce. No seu mais emblemático romance, Ulisses, os acontecimentos desenrolam-se na cidade de Dublin ao longo de um único dia: 16 de Junho de 1904. Bloomsday porque uma das personagens principais do romance se chama Leopold Bloom.

Historia menor de Grecia, de Pedro Olalla


Historia menor de Grecia toma directamente las fuentes históricas para plasmar de forma literaria una reveladora colección de gestos humanos: decisiones, testimonios, ejemplos de conducta, personajes y hechos de la «segunda fila» de la historia, que ilustran de manera esclarecedora y emotiva la conformación y la supervivencia del espíritu humanista desde la Antigüedad hasta nuestros días. Aristóteles en el Ninfeo de Mieza, Polibio navegando hacia el exilio, Damaris en el Areópago, Athenais a las puertas de Jerusalén, Metodio en Moravia, Ibn Qurra en la lejana Carras, Pletón de regreso a Mistrás, Montaigne en su biblioteca de Périgord, Evliya Çelebi en Atenas, el capitán Leake en los montes de Arcadia, Delacroix en su estudio de París… Un vibrante relato de episodios menores sorprendentes y desconocidos, cuyos protagonistas no son los griegos ni los persas, sino todos los hombres. Su lectura nos alerta sobre la fragilidad de la cultura, sobre lo efímero de sus conquistas y la necesidad de defenderlas cada día que amanece. Nos ayuda también a comprender que la única civilización posible es la que une a los hombres contra la barbarie.
(do catálogo da editora)

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O Marquês d'Ávila e Bolama acabou com as Conferências do Casino


Em 1871, realizaram-se as “Conferências do Casino”. Foram cinco conferências realizadas no Casino Lisbonense, situado no Largo da Abegoaria, atualmente Largo de Bordalo Pinheiro, n.º10. O edifício ficava na esquina com a antiga Travessa das Portas de Santa Catarina, hoje Travessa da Trindade. Em 26 de dezembro de 1857, foi inaugurado com o nome de Café Concerto. Entre 1869 e 1870 o can-can foi aí o grande espectáculo. Posteriormente passou a chamar-se Casino Lisbonense e encerrou em 1876.
O Programa das Conferências foi redigido por Antero de Quental e assinado por: Adolfo Coelho, Antero de Quental, Augusto Soromenho, Augusto Fuschini, Eça de Queirós, Germano V. Meireles, Guilherme de Azevedo, J. Batalha Reis, Oliveira Martins, Manuel de Arriaga, Salomão Sáraga e Teófilo Braga. Do programa constava: "não pode viver e desenvolver-se um povo, isolado das grandes preocupações intelectuais do seu tempo; o que todos os dias a humanidade vai trabalhando, deve também ser o assunto das nossas constantes meditações."
A primeira conferência foi pronunciada por Antero de Quental no dia 22 de maio e era intitulada: “O Espírito das Conferências". A segunda, proferida no dia 27 de maio, também da autoria de Antero de Quental, intitulava-se: "Causas da Decadência dos Povos Peninsulares". É uma das mais importantes obras do pensador. O texto está acessível aqui. A terceira, intitulada "Literatura Portuguesa", ocorreu a 6 de junho, por Augusto Soromenho. A quarta conferência foi proferida a 12 de junho por Eça de Queirós e tinha o título "O Realismo como nova expressão da arte". A quinta, a 19 de junho, da autoria de Adolfo Coelho teve o título "O Ensino".
A sexta conferência, anunciada para o dia 26 de junho, seria da autoria de Salomão Sáraga e teria o título “Os Historiadores Críticos de Jesus”. Quando as pessoas se preparam para entrar no Casino deparam com uma portaria ministerial, afixada à porta, proibindo a realização dessa e das futuras conferências. Quem assinava a portaria era o Marquês de Ávila e Bolama. No protesto público, assinado por Anteo de Quental, Adolfo Coelho, Batalha Reis e Salomão Sáraga, publicado nos jornais do dia seguinte, pode ler-se: “Em nome da liberdade do pensamento, da liberdade da palavra, da liberdade de reunião, bases de todo o direito público, únicas garantias de justiça social, protestam, ainda mais contristados do que indignados, contra a portaria que manda arbitrariamente fechar a sala das Conferências democráticas. Apelam para a opinião pública, para a consciência liberal do País, reservando a plena liberdade de respondermos a este acto de brutal violência como nos mandar a nossa consciência de homens e de cidadãos”.

Antero de Quental, num texto famoso publicado em 30 de junho, intitulado "Carta ao Ex.mo Senhor José D´Ávila, Marquês de Ávila, Presidente do Conselho", escreve: "A Portaria com que V.Ex.ª mandou fechar a sala das Conferências Democráticas, é um acto não só contrário à lei e ao espírito da época, mas sobretudo atentório da liberdade do pensamento, da liberdade da palavra, e da palavra de reunião, isto é, daqueles sagrados direitos sem os quais não há sociedade humana, verdadeira sociedade humana, no sentido ideal, justo, eterno da palavra. Pode haver sem eles aglomeração de corpos inertes: não há associação de consciências livres. Ex.mo. Sr.: nem eu nem V.Ex.ª passaremos à história: e muito menos as ineptas portarias que V.Ex.ª faz assinar a um rei sonâmbulo. Mas supondo por um momento que alguma destas coisas possa passar ao século XX, folgo de deixar aos vindouros com este escrito a certeza duma coisa: que em 1871 houve em Portugal um ministro que fez uma acção má e tola, e um homem que teve a franqueza caridosa de lho dizer".
O texto é de tal forma contundente que há quem admita que o ministro, abandonando o Ministério pouco depois (o governo caiu), nunca mais esqueceu a estocada do seu conterrâneo - ambos eram açorianos: Antero de Quental era natural de Ponta Delgada e António José de Ávila (Marquês de Ávila e Bolama) era natural da Horta.
O rei sonâmbulo, referido na carta aberta de Antero de Quental era D. Luís.
(fonte principal: "A geração de 70: alguns tópicos para a sua história" de João Gaspar Simões) 

Nina Simone - Ain't got no...

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Quando o museu do século XXI é a vida do século XIX

FOTO:Hawkeye Aerial Photography
Más allá de ser el primer gran edificio de Zaha Hadid que se inaugura en el Reino Unido (el 21 de junio, antes que el Centro Acuático de los juegos olímpicos londinenses), el Riverside Museum de Glasgow supone la reinvención de una ciudad a partir de museizar su pasado industrial. Es cierto que ese gesto se ha convertido ya en un clásico en muchas ciudades europeas, que parecen más dispuestas a recordar su pasado industrial por la grandeza de los logros –ferrocarriles, invernaderos o barcos- que por el ruido, humo y dureza del trabajo de los obreros. Así, con las urbes consoladas por el turismo y sin preguntarse qué ha roto la relación entre industria y ciudad, lo llamativo de este nuevo intento es que el edificio ideado por la arquitecta iraquí reinventa además la tipología museística añadiendo al  reclamo y al contenedor la cáscara que permite cobijar algo que no cabe en un edificio, algo hecho para la vida exterior. Así, muchos de los vehículos que ocupan el interior del nuevo centro han debido introducirse en el coloso antes de que este quedara cerrado. No sólo eso, entre barcos, coches y locomotoras, artilugios como un velódromo colgante invitan a recrear el pasado de un modo un tanto surrealista
(artigo de Anatxu Zabalbeascoa, publicado no site do jornal El País)
Pode ler-se o artigo completo aqui.

domingo, 10 de junho de 2012

Discurso de António Nóvoa

Discurso proferido por António Sampaio da Nóvoa (Reitor da Universidade de Lisboa) no dia 10 de junho de 2012:

"As palavras não mudam a realidade. Mas ajudam-nos a pensar, a conversar, a tomar consciência. E a consciência, essa sim, pode mudar a realidade.
As minhas primeiras palavras são, por inteiro, para os portugueses que vivem situações de dificuldade e de pobreza, de desemprego, que vivem hoje pior do que viviam ontem.
É neles que penso neste 10 de Junho.
A regra de ouro de qualquer contrato social é a defesa dos mais desprotegidos. Penso nos outros, logo existo (José Gomes Ferreira). É o compromisso com os outros, com o bem de todos, que nos torna humanos.
Portugal conseguiu sair de um longo ciclo de pobreza, marcado pelo atraso e pela sobrevivência. Quando pensávamos que este passado não voltaria mais, eis que a pobreza regressa, agora, sem as redes das sociedades tradicionais.
Começa a haver demasiados “portugais” dentro de Portugal. Começa a haver demasiadas desigualdades. E uma sociedade fragmentada é facilmente vencida pelo medo e pela radicalização. 
Façamos um armistício connosco, e com o país. Mas não façamos, uma vez mais, o erro de pensar que a tempestade é passageira e que logo virá a bonança. Não virá. Tudo está a mudar à nossa volta. E nós também.
Afinal, a História ainda não tinha acabado. Precisamos de ideias novas que nos deem um horizonte de futuro. Precisamos de alternativas. Há sempre alternativas.
A arrogância do pensamento inevitável é o contrário da liberdade. E nestes estranhos dias, duros e difíceis, podemos prescindir de tudo, mas não podemos prescindir nem da Liberdade nem do Futuro.
O futuro, Minhas Senhoras e Meus Senhores, está no reforço da sociedade e na valorização do conhecimento, está numa sociedade que se organiza com base no conhecimento.
Há a liberdade de falar e há a liberdade de viver, mas esta só existe quando se dá às pessoas a sua irreversível dignidade social (Miguel Torga).
Gostaria de recordar o célebre discurso de Franklin D. Roosevelt, proferido num tempo ainda mais difícil do que o nosso, em 1941. A democracia funda-se em coisas básicas e simples: igualdade de oportunidades; emprego para os que podem trabalhar; segurança para os que dela necessitam; fim dos privilégios para poucos; preservação das liberdades para todos.
Numa situação de guerra, Roosevelt sabia que os sacrifícios têm de basear-se numa forte consciência do social, do interesse coletivo, uma consciência que fomos perdendo na vertigem do económico; pior ainda, que fomos perdendo para interesses e grupos, sem controlo, que concentram a riqueza no mundo e tomam decisões à margem de qualquer princípio ético ou democrático. É uma “realidade inaceitável”.
Em mar de águas revoltas, é preciso manter o rumo, ter a sabedoria de separar o acessório do fundamental. A Europa não é uma opção, é a nossa condição. Uma Europa com uma nova divisa: liberdade, diversidade, solidariedade.
A Europa é o nosso futuro, mas não nos iludamos. Ou nos salvamos a nós, ou ninguém nos salva (Manuel Laranjeira). Falemos, pois, de Portugal e dos portugueses.
Pelo Tejo fomos para o mundo… mas quantas vezes estivemos ausentes dentro de nós? Preferimos a Índia remota, incerta, além dos mares, ao bocado de terra em que nascemos (Teixeira de Pascoaes).
A Terra ou o Mar? Portugal ou o Mundo? A pergunta foi feita por todos aqueles que pensaram Portugal.
No final do século XIX, um homem da Geração de 70, Alberto Sampaio, explica que as nossas faculdades se atrofiaram para tudo que não fosse viajar e mercadejar. Nunca nos preocupámos com a agricultura, nem com a indústria, nem com a ciência, nem com as belas-artes. As riquezas que fomos tendo “mal aportavam, escoavam-se rapidamente, porque faltava uma indústria que as fixasse”, e o património da comunidade, esse, “em vez de enriquecer, empobrecia”.
Nos momentos de prosperidade não tratámos das duas questões fundamentais: o trabalho e o ensino. Nos momentos de crise é tarde: fundas economias na administração aumentariam os desempregados, e para a reorganização do trabalho falta o capital; falta o tempo, porque a fome bate à porta do pobre. Então a emigração é o único expediente: silenciosa e resignadamente cada um vai partindo, sem talvez uma palavra de amargura.
Este texto foi escrito há 120 anos. O meu discurso poderia acabar aqui. Em silêncio.

Senhor Presidente da República,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
É esta fragilidade endémica que devemos superar. O heroísmo a que somos chamados é, hoje, o heroísmo das coisas básicas e simples – oportunidades, emprego, segurança, liberdade. O heroísmo de um país normal, assente no trabalho e no ensino.
Parece pouco, mas é muito, o muito que nos tem faltado ao longo da história.
Porque Portugal tem um problema de organização dentro de si:
- Num sistema político cada vez mais bloqueado;
- Numa sociedade com instituições enfraquecidas, sem independência, tomadas por uma burocracia e por uma promiscuidade que são fonte de corrupção e desperdício; 
- Numa economia frágil e sem uma verdadeira cultura empresarial.
Estão a surgir, é certo, sinais de uma capacidade de adaptação e de resposta, de baixo para cima. Precisamos de transformar estes movimentos numa ação sobre o país, numa ação de reinvenção e de reforço da sociedade.
Chegou o tempo de dar um rumo novo à nossa história.
Portugal tem de se organizar dentro de si, não para se fechar, mas para se abrir, para alcançar uma presença forte fora de si.
Não conseguiremos ser alguém na Europa e no mundo, se formos ninguém em nós.
Não é por sermos um país pequeno que devem ser pequenas as nossas ambições. O tamanho não conta; o que conta, e muito, é o conhecimento e a ciência.

Senhor Presidente de República,
O convite de V. Ex.ª, que muito agradeço, é um gesto de reconhecimento das universidades e do seu papel no futuro de Portugal.
Em Lisboa, na célebre Conferência do Casino (1871), Antero disse o essencial: A Europa culta engrandeceu-se, nobilitou-se, subiu sobretudo pela ciência: foi sobretudo pela falta de ciência que nós descemos, que nos degradámos, que nos anulámos.
Antero tinha razão e o século XX ainda mais razão lhe veio dar. O drama de Portugal, do nosso atraso e da nossa dependência, tem sido sempre o afastamento de sociedades que evoluíram graças ao conhecimento e à ciência.
Nas últimas décadas, realizámos um esforço notável no campo da educação (da escola pública), das universidades e da ciência.
Pela primeira vez na nossa história, começamos a ter a base necessária para um novo modelo de desenvolvimento, para um novo modelo de organização da sociedade.
É uma base necessária, mas não é ainda uma base suficiente.
Existe conhecimento. Existe ciência. Existe tecnologia. Mas não estamos a conseguir aproveitar este potencial para reorganizar a nossa estrutura social e produtiva, para transformar as nossas instituições e empresas, para integrar uma geração qualificada que, assim, se vê empurrada para a precariedade e para o desemprego.
É este o nosso problema: a ligação entre a universidade e a sociedade. É esta a questão central do país: uma organização da sociedade com base na valorização do conhecimento.
Insisto. Apesar de todos os contratempos, Portugal tem hoje uma capacidade instalada, nas universidades e na ciência, que nos permite sair de uma posição menor, periférica, e superar o fosso tecnológico que se cavou entre nós e a Europa.
Não temos tempo para hesitações. As universidades vivem de liberdade, precisam de ser livres para estarem à altura do que a sociedade lhes pede.
É por aqui que passa o nosso futuro, pela forma como conseguirmos ligar as universidades e a sociedade, pela forma como conseguirmos que o conhecimento esteja ao serviço da transformação das nossas instituições e das nossas empresas.
É por aqui que passa o nosso futuro, um outro futuro para Portugal.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Também Lisboa se está a transformar graças à criação, à energia da cultura e da ciência, graças aos estudantes que aqui chegam de todas as partes do mundo.
Lisboa é dos poetas. Em abril, a poesia esteve na rua e fez-nos emergir da noite e do silêncio. A poesia volta sempre à rua, através desta língua que é a nossa mátria, desta língua que nos permite estar connosco e com os outros, nas comunidades que nos multiplicaram pelo mundo e nos países que são parte de nós.
25 anos depois, não esqueço José Afonso: Enquanto há força, cantai rapazes, dançai raparigas, seremos muitos, seremos alguém, cantai também.
Cantemos todos. Por um país solidário. Por um país que assegura o direito às coisas básicas e simples. Por um país que se transforma a partir do conhecimento.
Não podemos ser ingénuos. Mas denunciar as ingenuidades não significa pôr de lado as ilusões, não significa renunciar à busca de um país liberto, de uma vida limpa e de um tempo justo (Sophia).
Foi esta busca que me trouxe ao Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas."

O discurso pode ser ouvido aqui.

Isabelle Faria

Isabelle Faria, Loving chocolate – Gluttony, 2012 Técnica mista sobre papel 156 x 263 cm

Na Casa da Cerca (Almada), até 2 de setembro, está patente a exposição “Seven Years/Seven Sins, Gluttony - Tender Pleasure" de Isabelle Faria. Esta exposição encerra o ciclo de criação em torno dos sete pecados mortais, que a autora tem vindo a desenvolver. “Seven Years/Seven Sins” apresenta um forte conjunto de desenhos sobre a Gula, o pecado que fecha este ciclo, mas também alguns trabalhos sobre os demais pecados.
Há sete anos que Isabelle Faria trabalha os sete pecados mortais. Depois da Luxúria, da Vaidade, da Ira, da Inveja, da Preguiça e da Cobiça, chegou agora a vez da Gula - Tender Pleasure.
Em todos os casos, Isabelle Faria tem marcado a escolha deste clássico tema bíblico e artístico com imagens inquitantes e provocatórias. Tomando as diversas faces do excesso, a Gula veste-se do consumo exagerado do chocolate, dos bolos, do álcool, dos comprimidos, do jogo, dos amantes, dos fetiches, do dinheiro. A cor (ou o denso riscado do negro sobre constraste do plano branco do suporte), exuberante, riscada ou espalhada a pincel no corpo do papel, lambuzada numa gula frenética de marcar com o gesto a luxúria deste pecado, sustenta os temas que lembram que cada pecado não é mais do que mais uma face de todos os outros.
(do texto de Emília Ferreira, no catálogo da exposição)

PHotoEspaña 2012

Até ao dia 22 de julho decorre a PHoto España 2012 - Festival internacional de fotografía e artes visuais.
Podem ver-se algumas das fotos expostas aqui.

Maria Keil

Pormenor do painel da Av. Infante Santo

Maria Keil, artista plástica com 97 anos, autora de diversos painéis de azulejos, nomeadamente em estações do metropolitano de Lisboa, morreu hoje.

Álvaro Siza entra na coleção do MoMA


Pormenor do museu Iberê Camargo, na cidade brasileira de Porto Alegre(DR)
"O Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA) comprou três projectos de Álvaro Siza para a sua colecção. É a primeira vez que um arquitecto português vai estar representado numa colecção que tem privilegiado sobretudo arquitectos americanos ou com obra nos Estados Unidos – o que não é o caso de Siza.
As aquisições, que foram aprovadas esta quinta-feira no MoMA, consistem em projectos de início de carreira, mas também uma obra mais recente – o Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre, no Brasil, inaugurado em 2008. O museu nova-iorquino adquiriu 21 desenhos e uma maqueta do Iberê Camargo, que considera representativo da “maturidade total do estilo pessoal” do arquitecto e que é “um edifício de destaque na obra de Siza, bem como na arquitectura do século XXI em geral”, lê-se num comunicado de imprensa enviado ao PÚBLICO. 

As aquisições incluem também 30 desenhos, 21 fotografias, uma maqueta e brochura do projecto de habitação de São Victor, no Porto, representativo da produção arquitectónica do período revolucionário no pós-25 de Abril. Foi criado e construído entre 1974 e 1977, no âmbito das operações SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local), que mobilizaram vários arquitectos portugueses para oferecer melhores condições de habitação a populações carenciadas. 

Por fim, o MoMA adquiriu também 33 desenhos e 14 fotografias do edifício do Banco Pinto & Sotto Mayor em Oliveira e Azeméis, projectado e construído entre 1971 e 1974. O comunicado de imprensa do MoMA descreve-o como “um dos mais elaborados e refinados exemplos da abordagem experimental deste mestre”."
(Fonte: site do jornal Públicos, artigo de Kathleen Gomes)

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Edward Hopper e o cinema

De 12 de Junho até 16 de Setembro de 2012, estará patente no Museu Thyssen-Bornemisza, em Madrid, uma exposição de obras de Edward Hopper (1882-1967).
A exposição foi organizada pelo Museu Thyssen-Bornemisza, em colaboração com a Réunion des Musées Nationaux de France. Ambas as instituições são uma referência quanto a Hopper. De facto, o Museu Thyssen-Bornemisza possui a coleção mais importante do autor fora dos Estados Unidos.
O crítico de cinema Carlos Boyero percorre a exposição e evidencia a influência que a obra de Hopper exerceu no cinema.
Podemos ver e ouvir Carlos Boyero, a percorrer a exposição, aqui.
A exposição é comissariada por Tomàs Llorens que a apresenta aqui.
Os quadros e artigos aqui.