sábado, 30 de abril de 2011

Gustav Mahler

Muitos consideram que os maiores compositores de todos os tempos foram Bach (1685-1750), Mozart (1756-1791) e Beethoven (1770-1827). Será que desde Beethoven não terá havido qualquer outro que se possa considerar no mesmo patamar que aqueles três compositores? Ou será que a generalidade das pessoas ainda não está preparada para apreciar adequadamente a música composta depois de Beethoven?, isto é, será que o gosto musical da generalidade das pessoas está atrasado 184 anos?

Dos compositores posteriores a Beethoven, destaco Mahler (1860-1911). Ele próprio disse: “O meu tempo chegará”. Chegou agora, 100 anos após a sua morte, que se completam no próximo dia 18 de Maio.

A sua música é o espelho da sua personalidade. Por vezes melancólica, outras exaltante, sempre arrebatadora. Segundo Leonard Bernstein: “Na essência, toda a música de Mahler é sobre Mahler, ou seja, sobre conflitos. Mahler, o criador, versus Mahler o executante; o judeu versus o cristão; o crente versus o homem que duvida; o provinciano da Boémia versus o homem sofisticado do mundo vienense.”

O exemplo mais conhecido da melancolia na sua música (que existia também na sua vida) é o Adagietto da sua 5ª Sinfonia. Esta composição é, hoje, indissociável da “Morte em Veneza” de Thomas Mann, associação consagrada no filme de Luchino Visconti. Tanto na novela como na composição musical, a melancolia, associada à inquietação - e portanto cheia de energia -predomina. Podemos escutá-la aqui, numa extraordinária interpretação da Orquestra Sinfónica de Viena, dirigida por Leonard Bernstein. Mahler encerra, com chave de ouro, o período romântico e estabelece a base sobre a qual será construída a música do século XX.

A música de Mahler, muitas vezes perturbadora, também foi utilizada no filme Shutter Island de Martin Scorsese: Quarteto para Piano e Cordas em Lá menor.

A obra de Mahler reflecte o facto de que ele próprio oscilou entre a euforia e a depressão. Nem todas as obras têm um carácter melodramático. Exemplo disso é a Primeira Sinfonia, cujo 4º andamento (que podemos escutar aqui), serviu de inspiração a John Williams para a banda sonora da Guerra das Estrelas.

Mahler considerava-se três vezes apátrida: "como boémio na Áustria, como austríaco entre os alemães e como judeu em todo o mundo".

Freud, que chegou a tratá-lo numa única sessão de quatro horas, considerou-o "um homem genial" e confessou-se fascinado com o "misterioso edifício da sua personalidade".

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Haverá vida antes da morte?

Este foi o título da crónica escrita por António Lobo Antunes e publicada no suplemento Babelia do El País de 21 de Maio de 2005.
A minha resposta é: sim, mas temos de ir ter com a vida.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Aquele que não inventa, não vive

À escritora catalã Ana Maria Matute foi atribuído o Prémio Cervantes.
Durante o discurso que proferiu aquando da recepção do prémio (ontem), disse a frase que constitui o título deste post. Disse:
"Era uma vez um homem bom, solitário, triste e sonhador: acreditava na honra e na valentia, e inventava a vida. São João disse: "aquele que não ama está morto" e eu atrevo-me a dizer: "aquele que não inventa, não vive"."
O discurso completo pode ser lido aqui.


Mozart

Wolfgang Amadeus Mozart viveu entre 1756 e 1791, no coração do período clássico (após o barroco e antes do romantismo).

Admirável o concerto para clarinete K 622, em particular o seu segundo andamento. Foi composto em 1791, seis meses antes da morte de Mozart.

A tensão criada pela relativa lentidão com que a música flui, transmite uma sensação de leveza e de grande densidade. Convida à levitação.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Texto de Nicolau Santos publicado na revista Up da TAP


Eu conheço um país que em 30 anos passou de uma das piores taxas de mortalidade infantil (80 por mil) para a quarta mais baixa taxa a nível mundial (3 por mil)

Que em oito anos construiu o segundo mais importante registo europeu de dadores de medula óssea, indispensável no combate às doenças leucémicas. Que é líder mundial no transplante de fígado e está em segundo lugar no transplante de rins.

Que é líder mundial na aplicação de implantes imediatos e próteses dentárias fixas para desdentados totais.

Eu conheço um país que tem uma empresa que desenvolveu um software para eliminação do papel enquanto suporte do registo clínico nos hospitais (Alert), outra que é uma das maiores empresas ibéricas na informatização de farmácias (Glint) e outra que inventou o primeiro antiepilético de raiz portuguesa (Bial).

Eu conheço um país que é líder mundial no sector da energia renovável e o quarto maior produtor de energia eólica do mundo, que também está a constuir o maior plano de barragens (dez) a nível europeu (EDP).

Eu conheço um país que inventou e desenvolveu o primeiro sistema mundial de pagamentos pré-pagos para telemóveis (PT), que é líder mundial em software de identificação (NDrive), que tem uma empresa que corrige e detecta as falhas do sistema informático da Nasa (Critical) e que tem a melhor incubadora de empresas do mundo (Instituto Pedro Nunes da Universidade de Coimbra)

Eu conheço um país que calça cem milhões de pessoas em todo o mundo e que produz o segundo calçado mais caro a nível planetário, logo a seguir ao italiano. E que fabrica lençóis inovadores, com diferentes odores e propriedades anti-germes, onde dormem, por exemplo, 30 milhões de americanos.

Eu conheço um país que é o «state of art» nos moldes de plástico e líder mundial de tecnologia de transformadores de energia (Efacec) e que revolucionou o conceito do papel higiénico (Renova).

Eu conheço um país que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial e que desenvolveu um sistema inovador de pagar nas portagens das auto-estradas (Via Verde).

Eu conheço um país que revolucionou o sector da distribuição, que ganha prémios pela construção de centros comerciais noutros países (Sonae Sierra) e que lidera destacadíssimo o sector do «hard-discount» na Polónia (Jerónimo Martins).

Eu conheço um país que fabrica os fatos de banho que pulverizaram recordes nos Jogos Olímpicos de Pequim, que vestiu dez das selecções hípicas que estiveram nesses Jogos, que é o maior produtor mundial de caiaques para desporto, que tem uma das melhores seleções de futebol do mundo, o melhor treinador do planeta (José Mourinho) e um dos melhores jogadores (Cristiano Ronaldo).

Eu conheço um país que tem um Prémio Nobel da Literatura (José Saramago), uma das mais notáveis intérpretes de Mozart (Maria João Pires) e vários pintores e escultores reconhecidos internacionalmente (Paula Rego, Júlio Pomar, Maria Helena Vieira da Silva, João Cutileiro).

O leitor, possivelmente, não reconhece neste país aquele em que vive ou que se prepara para visitar. Este país é Portugal. Tem tudo o que está escrito acima, mais um sol maravilhoso, uma luz deslumbrante, praias fabulosas, ótima gastronomia.

Bem-vindo a este país que não conhece:

PORTUGAL.

O querer e o precisar

You Can't Always Get What You Want

Composição : Keith Richards / Mick Jagger


I saw her today at the reception

A glass of wine in her hand.

I knew she was gonna meet her connection,

At her feet was a footloose man.


And you can't always get what you want,

Honey, you can't always get what you want.

You can't always get what you want

But if you try sometimes, yeah,

You just might find you get what you need!


I went down to the demonstration

To get our fair share of abuse,

Singing, "We gonna vent our frustration."

If we don't we're gonna blow a fifty amp fuse.

So, I went to the Chelsea Drugstore

To get your prescription filled.

I was standing in line with my friend, Mr. Jimmy.

And man, did he look pretty ill.

We decided that we would have a soda,

My favorite flavour was cherry red.

I sing this song to my friend, Jimmy,

And he said one word to me and that was "dead."

And I said to him


And you can't always get what you want, honey.

You can't always get what you want.

You can't always get what you want.

But if you try sometimes, yeah,

You just might find you get what you need!


I saw her today at the reception.

In her glass was a bleeding man.

She was practiced at the art of deception;

I could tell by her blood-stained hands.


And you can't always get what you want, honey.

You can't always get what you want.

You can't always get what you want,

But if you try sometimes, yeah,

You just might find you get what you need!


And you can't always get what you want, honey,

You can't always get what you want,

You cant always get what you want,

But if you try sometimes, yeah,

You just might find you get what you need

sábado, 16 de abril de 2011

Charlie Chaplin

A 16 de Abril de 1889 - há 122 anos - nasceu, em Londres, Charles Spencer Chaplin, mais conhecido como Charlie Chaplin.
Vem-me à memória aquela cena do seu filme "A Quimera do Ouro" (1925): sentado à mesa, na cabana, as botas cozidas no prato, os atacadores são esparguete, o couro é bife, os pregos são ossinhos. E a dança dos pãezinhos espetados em garfos...!
A Charlie Chaplin se aplica o que Luís de Camões escreveu:
"E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando".

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Dois pontos de vista

No mesmo dia – 15 de Abril de 2011 – dois pontos de vista:

- Título de capa do Jornal de Notícias:

“Saldo de 432 milhões nas contas do Estado – Despesa está a cair 3,7%, enquanto a s receitas fiscais estão a subir 15%”

- Título de capa do Público”

“Falta de dinheiro leva Governo a lançar nova emissãode dívida na próxima semana”

Haverá portugueses a querer empurrar Portugal para baixo?

Portugueses esgotam destinos de férias

Capelinhos, ilha do Faial - foto de Tomás Melo

Título de capa do Diário Económico de hoje:

"Portugueses esgotam destinos de férias na Páscoa em tempo de crise"

Entretanto, ontem tinha recebido por email esta história:

"Numa cidade, os habitantes, endividados, estão vivendo às custas de crédito.

Por sorte chega um gringo e entra no único hotel.

O gringo saca uma nota de 100,00 €, põe no balcão e pede para ver um quarto..

Enquanto o gringo vê o quarto, o gerente do hotel sai correndo com a nota de 100,00 € e vai até o talho pagar suas dívidas com o talhante.

Este pega a nota e vai até a um criador de suínos a quem deve e paga tudo.

O criador, por sua vez, pega também a nota e corre ao veterinário para liquidar sua dívida.

O veterinário, com a nota de 100,00 € em mãos, vai até à zona pagar o que devia a uma prostituta (em tempos de crise também trabalha a crédito).

A prostituta sai com o dinheiro em direção ao hotel, lugar onde levava seus clientes; e como ultimamente não havia pago pelas acomodações, paga a conta de 100,00 €.

Nesse momento, o gringo chega novamente ao balcão, pede sua nota de 100,00 € de volta, agradece e diz não ser o que esperava e sai do hotel e da cidade.

Ninguém ganhou um vintém, porém agora todos saldaram suas dívidas e começam a ver o futuro com confiança!"

Quantos portugueses já foram à Tailândia e ainda nunca foram aos Açores?

Em tempos de crise, sugiro que, de alguma forma, se fomentem as férias em Portugal. E há tanto para conhecer!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Prémio Mies van der Rohe

O prémio de arquitectura Mies van der Rohe 2011 foi atribuído à reabilitação do Neues Museum de Berlim, projecto da autoria de David Chipperfield.
Os seis finalistas foram, além do vencedor, o Teatro Bronks, na Bélgica (MDMA), de Martine de Maeseneer; o Museu Nacional de Arte do século XXI (MAXXI), em Roma, de Zaha Hadid; o Concert House Danish Radio Copenhagen, Dinamarca, de Jean Nouvel; o Museu da Acrópole, em Atenas, de Bernard Tschumi e o Centro de Reabilitação Groot Klimmendaal, em Arnhem (Holanda), do ateliê Architectenbureau Koen van Velsen.
O prémio é atribuído de dois em dois anos. Em 2009 o edifício vencedor foi a Ópera de Oslo do ateliê norueguês Snohetta; em 2007 o Museu de Arte Contemporânea de Castela e Leão (Musac), da autoria de Mansilla e Tuñón; em 2005 a embaixada da Holanda em Berlim, projecto de Rem Koolhaas. Zaha Hadid foi a vencedora em 2003. Entre os vencedores de edições anteriores destacam-se também Rafael Moneo, Peter Zumthor, Norman Foster, e, na primeira edição, em 1988, Álvaro Siza, com o projecto do Banco Borges e Irmão, em Vila do Conde.
A menção especial Arquitecto Emergente foi atribuída aos arquitectos Ramón Bosch e Bet Capdeferro pela Casa Collage, em Girona (Espanha).

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A Pérola

A Pérola de John Steinbeck. Frases com grande musicalidade. Palavras fortes. Prosa poética. A forma eloquente como retrata as grandezas e as misérias humanas. Uma pérola!

domingo, 10 de abril de 2011

Nicolau de Chanterene

"A Virgem com o Menino", Nicolau de Chanterene, Museu de Évora

Na passada quinta-feira, 7 de Abril, o Doutor António Camões Gouveia (Director do Museu) realizou uma visita guiada às esculturas e peças arquitectónicas da Sala do Renascimento do Museu de Évora.

Deu destaque ao pequeno retábulo em mármore, de cerca de 1540, da autoria de Nicolau de Chanterene. O retábulo é proveniente da capela circular (antigas termas romanas) do antigo Palácio dos Silveiras, Condes de Sortelha (hoje, Edifício da Câmara Municipal de Évora). Na altura da criação da escultura, reinava D. João III. As especiarias que chegavam da Índia conferiam grande desafogo financeiro ao rei. D. João III protegeu as letras e as artes, fundou o Colégio das Artes em Coimbra, contratou eminentes humanistas, como André de Gouveia. O reinado de D. João III viria a ser manchado com a instauração no Reino, em 1536, da Santa Inquisição, responsável pela condenação de alguns desses humanistas.

Nicolau de Chanterene trabalhou em Portugal de 1517 (reinava D. Manuel I) a 1551 (data provável da sua morte). Introduziu no nosso país o Renascimento de influência italiana e, duas décadas depois, o classicismo. Trabalhou no Mosterio dos Jerónimos, na Igreja de Santa Cruz (Coimbra), no Mosteiro de São Marcos (Tentúgal), em Sintra (retábulo que está no Palácio da Pena). Em 1533 partiu para Évora, onde tem das suas mais notáveis obras, tais como o túmulo de D. Francisco de Melo, no Convento dos Lóios, e as tribunas da Igreja de S. Francisco.

Em relação a este pequeno retábulo é de notar a representação em perspectiva e a abóbada em forma de concha (remetendo para o Nascimento de Vénus).

De realçar que a figura que representa a Virgem poderia representar uma dama da corte. Esta forma de representação traduz o antropocentrismo e o racionalismo assumidos pelo Renascimento, aspectos que evidenciam a íntima ligação entre Renascimento e Humanismo.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Ângelo de Sousa III

Discurso directo:
"Viver é uma profissão. Tem de se fazer 24 horas por dia."
Concordo plenamente. Viver, dá muito trabalho! E é coisa séria! Dizia Vinicius de Moraes:
"A vida não é de brincadeira amigo."
Por falar em 24 horas por dia, lembrei-me de um poema de José Gomes Ferreira: "Viver sempre também cansa!":
"[...]
Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois, achando tudo mais novo?
Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima dum divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas, meu amor do Norte
[...]"

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Ângelo de Sousa II

POST-SCRIPTUM SOBRE A ALEGRIA
Parecerá heresia, mas é a propósito desta pintura tão esplendidamente enraizada no coração do dia, onde ser e conhecer são apenas dois tempos de um só respirar, que me ocorrem palavras de uma liturgia a que é tão alheia: «No teu esplendor e beleza, vem triunfa e reina». Ali onde se diz beleza, eu direi alegria, e deixarei o esplendor não só triunfar e reinar, mas inundar terras e céus.
Por este seu lado solar, Ângelo, pois é dele que estamos falando, encontra Bonnard e Matisse no seu caminho, mas entre nós não sei de mais nenhum pintor que saiba falar da alegria de uma maneira tão imediata e limpa, tão segura e discreta, e ao mesmo tempo tão serena. É uma alegria tecida de luz, ou melhor, é como se luz e alegria fossem dois nomes do mesmo único amor.
Louvemos pois a alegria em tempos de tristeza. Ela, com o seu coração ardente de melancolia, é um dos caminhos para o solitário encontro do homem com o seu rosto. Amén.
Eugénio de Andrade, in catálogo da exposição "Os Quatro Vintes – 15 Anos Depois”, Árvore, 1985. (texto publicado no Jornal de Letras de hoje).

terça-feira, 5 de abril de 2011

Ângelo de Sousa I

[] O Ângelo era daqueles seres raríssimos sem ego. Nada a esconder, nada a defender ou preservar, uma imagem social, um estatuto, uma carreira, uma psicologia. Quando falava, trazia a vertigem consigo. A vertigem da ausência de ego que alastrava para o exterior, os outros, abanando as leis dos hábitos, das convenções e da estupidez. Não suportava a estupidez e a grosseria. [] Tinha horror à “pose” cultural, à seriedade hipócrita das convenções, ao discurso sábio “intelectual” – e à interioridade que se finge possuir para parecer profundo. []

Porque não tinha ego era um ser livre. Porque era livre – das pessoas mais livres que conheci – era imprevisível: não surgia nunca onde o julgavam apanhar. Porque era imprevisível tinha a afectividade nascente e poderosa das crianças. A sua potência vital. Por isso da sua obra jorra o júbilo único de existir – como uma cor para uma criança, como um movimento que faz existir uma coisa. []

José Gil (excertos do texto lido no funeral de Ângelo de Sousa, publicado no Público de 4 de Abril).

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O Mito de Leda

Leonardo da Vinci - 1505-1510

O Mito de Leda foi representado por diversos pintores: de Leonardo da Vinci a Salvador Dali Destaco a obra " Leda e o cisne" de Leonardo da Vinci.

Um dia, Leda – esposa de Tíndaro, rei de Esparta – banhava-se no rio Eurotas e viu um cisne que fugia de uma águia. A águia era Afrodite e o cisne era Zeus, ambos metamorfoseados. Leda tomou o cisne nos seus braços e acariciou-o. Fizeram amor. Nessa noite Leda também fez amor com Tíndaro. Meses depois, do seu ventre saíram dois ovos. De um deles nasceu Helena e Pólux (filhos de Leda e de Zeus). Do outro nasceram Castor e Clitemnestra. Foi, seguramente, uma concepção sem pecado. Eis a origem de Helena que, com Páris, fugiu para Tróia, originando a Guerra de Tróia (ver "O Julgamento de Paris").

Júlio - Saúl Dias


As madressilvas


que em abril florescem entre os brejos


parecem dizer:


Vede como somos belas!



e os namorados


que na estrada passam, abraçados, aos beijos,


erguem os braços para colhê-las...


in "Obra Poética", Mais e Mais (1932)