Os dois principais partidos da Irlanda são o Fianna Fáil e o Fine Gael, ambos de centro-direita. Os dois partidos surgiram na sequência da divisão que ocorreu, no final da Guerra da Independência da Irlanda, entre os adeptos do Tratado que instituiu a divisão da Irlanda, liderados por Michael Collins, e os que a ele se opunham. Os primeiros viriam a dar origem ao Fine Gael e os segundos ao Fianna Fáil. Para além dessa diferença, hoje com um carácter histórico, mas ainda presente em alguns meio, principalmente rurais, as diferenças entre os dois partidos não são muito claras. No Parlamento Europeu, o Fianna Fáil está integrado na Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa e o Fine Gail no Partido Popular Europeu. Relativamente aos programas eleitorais, ambos apresentaram como objectivo a redução do défice público para 3% em 2014, enquanto o Partido Trabalhista propunha que esse objectivo fosse atingido apenas em 2016. Havia divergências relativamente à forma como reduzir o défice: o Fine Gael propunha que 75% da redução fosse conseguida através de cortes na despesa pública e 25% por aumento de impostos; o Fianna Fail defendeu 66% e 33%, respectivamente, e os trabalhistas: 50% e 50%.
Segundo uma sondagem à boca das urnas, os resultados das eleições realizadas na sexta-feira passada são:
Fine Gael (Enda Kenny ) - 36,1 (27%)
Partido Trabalhista (Eamon Gilmore) - 20,5% (10%)
Fianna Fáil (Michéal Martin) - 15,1% (42%)
Sinn Fein (Gerry Adams) - 15,1% (7%)
Partido Verde (John Gormley) - 2,7% (5%)
Entre parênteses: os líderes actuais e as percentagens obtidas pelos partidos nas anteriores eleições.
Tudo indica que o próximo governo resultará de uma coligação do Fine Gael com o Partido Trabalhista. As diferenças que se venham a verificar entre o futuro governo e o actual serão determinadas mais pela aliança com os trabalhistas do que pelas diferenças ideológicas entre o Fine Gael e o Fianna Fáil.
Os partidos actualmente no governo: Fianna Fáil e Partido Verde foram pesadamente castigados, fundamentalmente devido à intervenção do FMI e consequente implementação das suas medidas.
Perante este descalabro eleitoral é mais fácil compreender porque é que alguma direita, em Portugal, defende a intervenção do FMI, desde já. E porque não está Passos Coelho interessado em provocar eleições já, por não querer correr o risco de que o FMI venha a intervir num momento em que ele próprio esteja no poder.
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