quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

4:33


http://www.youtube.com/watch?v=hUJagb7hL0E


Quando se discute o que distingue a música do ruído e o que distingue o silêncio do som, a obra 4:33 de John Cage, criada em 1952, ocupa uma posição incontornável. Durante quatro minutos e trinta e três segundos a orquestra está no palco numa pausa contínua. Os instrumentos musicais não emitem qualquer som mas não existe silêncio. Há sons de que nos apercebemos nitidamente porque ficam evidenciados pela ausência de outros sons mais fortes que a eles se sobreponham. Podemos, facilmente, chegar à conclusão de que o silêncio não existe. E que música é também a ausência de notas musicais, ou seja, as pausas também são música. Não há uma obra musical que não tenha pausas. As pausas dão espaço às notas musicais, isto é, as pausas permitem que as notas musicais respirem. Também nos apercebemos que quando ouvimos a interpretação de uma obra musical ouvimos sons sobrepostos que acabam por integrar essa obra musical. Ouvir um concerto numa sala completamente cheia de público é bem mais agradável do que ouvi-lo numa sala completamente vazia. Na pintura ocorreu algo semelhante a esta peça "silenciosa" com as chamadas white paintings que Robert Rauschenberg criou em 1951.

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