Há uns dez/doze anos, ouvia Sena Santos todas as manhãs na Antena 1. Gostava de o ouvir - ouvia-o, praticamente, todos os dias - tanto pelas notícias que seleccionava, citando jornais de todo mundo, como pelo ritmo vertiginoso que impunha no relato que fazia dessas notícias. Recordo-me que ele tinha alguma predilecção pelos jornais: Tribune de Genève e El Clarín de Buenos Aires. Foi nessa altura que comprei um rádio para a casa de banho para o poder ouvir enquanto me lavava. Sena Santos saiu da Antena 1 e durante um anos deixei de ouvir falar dele. Senti a falta da sua voz.
Cada vez ouço menos os notíciários da televisão. Alguém disse que “mentes grandes discutem ideias, mentes medianas discutem acontecimentos e mentes pequenas discutem pessoas”. Tenho sentido que os noticiários das nossas televisões estão ao nível das mentes pequenas. Por isso, cada vez os ouço menos. Além disso, esses noticiários têm uma atracção pela lama. Como um veículo vulgar, patinam, patinam na lama e não avançam. Chegam a passar um noticiário a falar, por exemplo, do assassinato de Carlos Castro, como se, entretanto, o mundo tivesse parado e não tivesse sucedido nada digno de registo.
Há uns três anos voltei a encontrar a voz de Francisco Sena Santos no endereço: http://senasantos.podcasts.sapo.pt/ Os “episódios” que apresenta são diários, uns dez minutos diários. Continua a ser uma boa companhia, agora já não ao levantar mas, geralmente, enquanto faço a minha caminhada. Pessoalmente, prefiro quem, em vez de se andar a arrastar na lama, sobe ao cimo da gávea e de lá me diz: "Assim vai o mundo".
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