Há uns anos, quatro alunos portugueses de arquitectura frequentavam uma universidade espanhola, ao abrigo do programa Erasmus. Na sua primeira aula, uma professora perguntou aos alunos qual o arquitecto contemporâneo que mais admiravam. Começou pelos portugueses. As respostas foram: Jean Nouvel, Rem Koolhaas, Frank Gehry e Norman Foster. Continuou a fazer a mesma pergunta, agora aos alunos espanhóis. As respostas que obteve foram: Álvaro Siza, Souto Moura, Fernando Távora e outros. Houve uma grande predominância na escolha de arquitectos portugueses. Os nossos conterrâneos ficaram um pouco comprometidos.
Acho que os espanhóis pregaram uma partida aos alunos portugueses: tendo Portugal grandes arquitectos, como todos os alunos portugueses escolheram arquitectos estrangeiros, os espanhóis resolveram dar uma lição aos portugueses. Se, em geral, os espanhóis nos têm (a nós portugueses) em pouca conta, admiram a arquitectura portuguesa e têm em muito boa conta os arquitectos formados em escolas portuguesas. Todavia, se deram uma lição aos alunos portugueses foi porque eles se puseram a jeito.
É esta história demonstrativa do desprezo que temos pelo que é nosso. Depois, não admira que os espanhóis nos menosprezem. Se nem nós gostamos de nós próprios!
Tenho de reconhecer que ultimamente se têm dado passos em frente. Em parte, temos de agradecer a Scolari que pôs os portugueses a hastear a bandeira portuguesa. Também hoje as bandas portuguesas cantam, maioritariamente em português (já não é foleiro).
Um bom princípio é: pensar globalmente, agir localmente. A mudança começa por nós próprios.
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