Retrato do Marquês de Pombal, gravura de C. Legrand, Câmara Municipal de Lisboa, Arquivo Fotográfico
Anteontem, fui à Universidade da Beira Interior e soube que um dos seus edifícios foi mandado construir pelo Marquês de Pombal, para aí instalar a Real Fábrica de Panos em 1764. O Marquês de Pombal também aqui, na Covilhã. Figura controversa, sem dúvida. Modernizador de Portugal e déspota. A minha opinião tem sido um misto de admiração e de repulsa. À medida que vou conhecendo a sua obra, a admiração vai-se sobrepondo à repulsa.
O Marquês de Pombal governou Portugal entre 1755 e 1777. Mudou a face de Portugal em 23 anos. Para enquadrarmos a sua acção temos de recuar um pouco. A guerra da restauração tinha decorrido entre 1640 e 1668. A independência de Portugal tinha tido um preço muito elevado. Demasiado elevado. Tínhamos conseguido a protecção de Inglaterra, através dos tratados de 1642 e de 1654. O Professor Aurélio de Oliveira (Faculdade de Letras do Porto), no seu artigo “Destinos do império: da construção ao apogeu e à decadência”, escreve: “O referido Tratado de 1642, em que a ajuda inglesa à causa de D. João IV significou a abertura dos portos nacionais e do Império português ao comércio inglês e o Tratado de 1654. Este, na verdade, antes um Ultimato imposto pelos navios ingleses que então bloqueavam o porto de Lisboa. Por ele se escancarou, por completo, a Metrópole e o Ultramar ao domínio inglês. (Face a este "Tratado de 1654" o celebrado Tratado de Methween de 1703 não passa de um mero e circunscrito episódio). Mas não foi pequena a importância do Tratado de Methuen – Tratado de Panos e Vinhos. Estabelecia que:
"Artº 1- Sua Sagrada Majestade El-rei de Portugal promete tanto em seu próprio nome como de seus sucessores, de admitir para sempre daqui em diante no reino de Portugal, os panos de lã, e [...] lanifícios de Inglaterra, como era costume até o tempo que foram proibidos pelas leis, não obstante qualquer condição em contrário.
Artº 2- É estipulado, que Sua Sagrada e Real Majestade Britânica, em seu próprio nome, e no de seus sucessores será obrigada para sempre daqui em diante admitir na Grã-Bretanha os vinhos de produto de Portugal, de sorte que em tempo algum não se poderá exigir de direitos de alfândega nestes vinhos [...]."
No momento em que a Inglaterra e outros países lançavam as bases para o que viria a Revolução Industial, Portugal remetia-se ao papel de país produtor de vinho. Com o tratado de Methuen perdemos o comboio do desenvolvimento industrial. A acção do Marquês de Pombal esbateu esta realidade e deu alguns passos no sentido de libertar Portugal da dominação económica de Inglaterra.
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