quinta-feira, 10 de março de 2011

Geração à rasca

Nos inícios da década de 1970, em Portugal, frequentavam o ensino superior menos de 30 000 estudantes. No ano lectivo 2001/02 eram 400 000. Passámos de uma situação de emprego garantido e bem remunerado para um emprego não garantido e que pode ser bem ou mal remunerado. À rasca estavam os 370 000 que nos inícios da década de 1970 não tiveram acesso ao ensino superior.

3 comentários:

  1. O sistema de ensino está completamente afastado da realidade.

    http://www.publico.pt/Sociedade/marco-faria-por-que-e-que-nao-vou-participar-no-protesto-da-geracao-a-rasca_1484075

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  2. Está, sempre esteve e não vejo maneira de deixar de estar.
    Quem lecciona no ensino superior, ensino este que deveria ser um meio de preparação eficaz para se entrar no mercado do trabalho capaz para realizar as tarefas que lhe são solicitadas ou usar da imaginação e do enjenho para enfrentar situações novas, verifica que isto está longe de acontecer. Os alunos divagam por salas e tabelas e horários elaborados em cima do joelho, com matérias mais ou menos programadas (menos que mais)e, verdade seja dita, quanto mais altas são as notas com que acederam ao escolhido curso, parece que mais petrificados ficam. No final, vemos um "doutor" que vai precisar de estágios e mais estágios para conseguir atinar com alguma coisa. E isso sai caro! E todos os portugueses participam nesse investimento. E são lançados aos leões e que acontece? Muito pouca coisa. E quando são confrontados com miúdos nas mesmas circunstâncias, mas formados em países onde existe organização, planificação e exigênia, sentem-se inferiores, embora pouco tempo, porque não são nada burros e depressa apanham o comboio. Mas que desperdício de tempo!
    Geração à rasca? Todas as gerações têm uma maioria de rasquice e uma minoria de elite. Eu sei que não é disso que se está a falar... E no pós-2ª grande guerra? quem não estava à rasca? E nos países subsaarianos? quem não está à rasca?
    Relativizem-se as coisas...

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  3. Não considero que haja gerações melhores do que outras. Pura e simplesmente são diferentes. Não sou daqueles (muitos) que dizem que os alunos vêm para a Universidade cada vez pior preparados. Penso mesmo que vêm cada vez melhor preparados.
    Quando andava na Faculdade, havia professores que diziam que a Universidade não existia para se aprender a exercer uma profissão mas sim para facultar a preparação necessária para que, terminada a licenciatura, se pudesse começar a aprender a trabalhar. No mestrado senti que alguns professores não abriam o jogo todo, talvez por verem nos alunos potenciais concorrentes no mercado de trabalho. Já como professor, participei em discussões em que outros defendiam que ensinar a trabalhar com um determinado software não tinha nível universitário. O que era preciso era ensinar os algoritmos em que esse software assentava. O ensino muito teórico era um refúgio para quem ensinava.
    Penso que a Universidade não se deve limitar a transmitir conhecimentos mas deve ir mais além e facultar competências. Não sou só eu que o penso e este pensamento, hoje, está a generalizar-se. Pelo menos ao nível das intenções as coisas avançaram no bom sentido. A concretização dessas intenções é que demora um pouco mais.
    Relativamente ao facto de os cursos oferecidos serem ou não os adequados, não temos uma economia planificada pelo que não cabe ao Estado definir quantos e que profissionais farão falta para levar a cabo o próximo “plano quinquenal”. Ao Estado compete garantir que a informação acerca da empregabilidade dos cursos seja disponibilizada. Mas a escolha do curso tem de ser uma escolha informada e livre.

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