sexta-feira, 18 de março de 2011

A caixa de Pandora

William Waterhouse (1849-1917) - Pandora

Ao descobrir que os homens tinham recebido o fogo de Prometeu, Zeus ficou profundamente irritado e disse-lhe: “para infelicidade tua e dos homens que estão para nascer, vou dar-lhes de presente um mal, que todos irão rodear de amor com todo o coração e por esse amor se irão perder”. Zeus ordenou ao seu filho aleijado, Hefesto, que esculpisse em barro uma figura feminina semelhante às deusas imortais em aparência e em beleza. No seu seio, Hermes insuflou a mentira, a imprudência e a falsidade, de acordo com a vontade de Zeus. Tinha sido criada a primeira mulher, Pandora. Zeus disse a Hermes que entregasse, como presente, Pandora a Epimeteu (irmão de Prometeu). Prometeu tinha recomendado a Epimeteu que não jamais aceitasse um presente de Zeus, se queria poupar os homens a uma terrível desgraça. No entanto, Epimeteu, ao contrário de Prometeu (o que pensa primeiro), só compreende depois, pelo que, seduzido pela jovem, aceitou-a como esposa. Epimeteu tinha guardada uma jarra, dentro da qual, com muito esforço, Prometeu tinha encerrado tudo o que poderia atormentar os homens: a Velhice, o Sofrimento, a Pobreza, a Doença, a Loucura, os Vícios e as Paixões. Prometeu tinha recomendado a seu irmão que a mantivesse fechada, custasse o que custasse. Mas Pandora, roída pela curiosidade, abriu a jarra e todas essas pragas se espalharam pela Terra. Apercebendo-se do que estava a acontecer, tornou a colocar a tampa novamente. No fundo da vasilha ficou apenas a Esperança, único conforto da Humanidade e única maneira de sobreviver no novo mundo hostil. (Adaptado de “Mitos e Lendas da Grécia Antiga” da autoria de Marília P. Futre Pinheiro)

Tenho de confessar que não temo as mulheres, apesar da mentira, da imprudência e da falsidade insuflada por Hermes. Tenho medo sim dos estragos que podem causar políticos que nunca se enganam ou que são aprendizes de feiticeiro que não estão a resistir à tentação de abrir a caixa de Pandora.

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