quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Se Numa Noite de Inverno Um Viajante

Na livraria folheei um livro. As "Seis propostas para o próximo milénio" (pdf disponível na net) tinham-me despertado o interesse para este autor e para a sua (das propostas) eventual concretização (num livro).
Já agora, o autor é Italo Calvino e as propostas são: leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência.
Comecei a ler:
"O romance começa numa estação ferroviária, ronca uma locomotiva, um arfar de êmbolo tapa a abertura do capítulo, uma nuvem de fumo esconde parte do primeiro parágrafo. Pelo meio do cheiro a estação passa uma lufada de cheiro a bufete de estação. Está alguém a olhar pelos vidros embaciados, abre a porta envidraçada do bar, lá dentro também está tudo enevoado, como que visto por olhos de míope, ou então por olhos irritados com ciscos de carvão. São as páginas do livro que estão embaciadas como as janelas de um velho comboio, é nas frases que pousa a nuvem de fumo. É uma noite de chuva: o homem entra no bar; desabotoa o sobretudo húmido; envolve-o uma nuvem de vapor; um silvo põe-se a correr pelos carris brilhantes da chuva a perder de vista."
Fiquei convencido. Tinha de levar aquele livro para casa para poder continuar a ler. Assim foi e assim está a ser.

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