quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Saramago criticou Gertrude Stein

Pablo Picasso, Portrait of Gertrude Stein, 1906, Metropolitan Museum of Art, New York
(When someone commented that Stein didn't look like her portrait, Picasso replied, "She will". Stein wrote "If I Told Him: A Completed Portrait of Picasso" in response to the painting.) (Wikipedia)
“Raimundo Silva acendeu o candeeiro da mesa, a rápida luz por um momento pareceu apagar as rosas, depois elas reapareceram como se a si mesmas se reconstituíssem, porém sem aura nem mistério, ao contrário do que se julga e pôs a correr foi um botânico o autor da célebre frase, Uma rosa é uma rosa é uma rosa, um poeta teria dito apenas, Uma rosa, o resto caberia no silêncio de contemplá-la.” (José Saramago, "História do Cerco de Lisboa", pág. 244)
“Uma rosa é uma rosa é uma rosa” não é uma frase de um botânico, é um verso de um poema de Gertrude Stein (1874-1946). Americana que viveu em Paris desde 1903, foi uma figura incontornável do meio artístico parisiense nos anos 20 e 30. Do seu círculo de amigos faziam parte: Picasso, Matisse. Braque, Derain, Juan Gris, Apollinaire, Max Jacob, Erik Satie, Jean Cocteau, Ernest Hemingway, Scott Fitzgerald entre outros. James Joyce não se submeteu à figura tutelar de Gertrude Stein e foi por ela depreciado. Escreveu Gertrude Stein, em 1924: "Quem apareceu primeiro, Gertrude Stein ou James Joyce? Não se esqueçam que o meu primeiro grande livro, «Three Lives», foi publicado em 1908. Muito antes de "Ulisses". Não nego que Joyce fez qualquer coisa mas a sua influência é apenas local. A sua hora já passou tal como aconteceu com Synge, outro escritor irlandês."(Helena Vasconcelos in Storm Magazin)
Hemingway, no livro “Paris é uma Festa” fala de Gertrude Stein e da sua residência, onde ia assiduamente. Também Woody Allen a inclui como personagem do filme “Meia-noite em Paris”.
Obviamente, Saramago faz uma crítica velada a Gertrude Stein.

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