domingo, 18 de setembro de 2011

Viragem na Dinamarca

Helle Thorning-Schmidt, líder do SPD trabalhista, de 44 anos, venceu as eleições na Dinamarca, tornando-se a primeira mulher a governar o país.

A esquerda recuperou o poder, pondo termo a uma década de reformas liberais e de um controlo cada vez mais apertado da imigração. Terminaram assim 10 anos de sucessivos governos de centro-direita apoiados pelo populista Partido Popular Dinamarquês (DF), que deixará de ser o partido de extrema-direita mais influente da Europa. A extrema-direita retrocede, pela primeira vez em décadas, mas mantém-se como terceira força política, com um resultado de 12,3% a que correspondem 22 deputados (tinha 25). A direita, incluindo o DF, obteve 48,9% e 86 deputados.

A aliança vencedora que é constituída por quatro partidos de esquerda - sociais-democratas, verdes, social-liberais e socialistas - obteve 50,3% dos votos e 89 dos 179 mandatos no Parlamento de Copenhaga. A coligação pode garantir a maioria absoluta com o apoio de apenas um dos quatro deputados que correspondem às Ilhas Faroe e à Gronelândia (terá, certamente, o apoio de dois).

As eleições tiveram uma participação de 87,7% - o resultado mais elevado dos últimos anos.

Com Rasmussen desaparece também a grande influência na política dinamarquesa dos populistas do DF. Apesar de não ter integrado os sucessivos governos minoritários de centro-direita liderados pelos liberais (Venstre) desde 2001, a direita populista do DF soube impor políticas suas em troca do necessário apoio parlamentar. A Dinamarca adoptou por isso uma das políticas de imigração mais restritivas da Europa. Após três eleições legislativas dominadas pelo debate sobre a imigração, a campanha de 2011 centrou-se na crise e no aumento do desemprego.

Uma das decisões forçadas pelo DF, tomada durante este Verão, foi a construção de postos fronteiriços ao longo da fronteira Dinamarca/Alemanha. Prevê-se que a coligação vencedora abandone esse plano.

A Dinamarca tem uma economia estável e finanças saudáveis, apesar de atravessar um período económico desfavorável marcado por um aumento do desemprego e por uma queda acentuada na construção civil e no mercado imobiliário. Tem um défice público de 4,6% do produto interno bruto (PIB) e uma taxa de desemprego jovem de cerca de 10%. São números astronómicos para um país escandinavo. Além disso, o mercado imobiliário sofreu um sério retrocesso. Segundo os inquéritos realizados durante a curta campanha eleitoral, três quartas partes dos dinamarqueses consideram que o problema mais grave do seu país é, actualmente, a situação económica. A crise do euro não afecta directamente a Dinamarca, que mantém a coroa como divisa.

Os sociais-democratas propõem-se combater a crise com investimentos públicos, maior intervenção estatal na economia, reformas no mercado de trabalho, políticas mais sociais, estímulo ao emprego. O novo executivo promete aumentar os impostos para os mais ricos, amenizar a política de refugiados e manter a Dinamarca fora do euro.

A Dinamarca irá assumir a presidência rotativa da União Europeia a partir de Janeiro.

(post baseado, fundamentalmente, num artigo do El País)

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