O ex-presidente do governo espanhol Felipe Gonzalez pediu, na segunda-feira, às instituições e aos líderes europeus que reconheçam que se está "à beira do precipício" e assumam "o grau de alarme e emergência que a situação exige".
Felipe Gonzalez falava na apresentação do livro 'La fragmentación del poder europeo', de José Ignácio Torreblanca, na sede da Fundação Mapfre, em Madrid, noticia a EFE.
"O diagnóstico tem de ser severo, rigoroso e deve ter o grau de alarme e emergência que a situação exige. Estamos à beira do precipício", afirmou. "Por que não dizer que estamos à beira do precipício? Ou é preciso saltar para o precipício para reagir?", lançou Felipe Gonzalez.
Mostrando-se apologista de os líderes europeus falarem "honestamente" com os cidadãos sobre os problemas que tem a União Europeia (UE), que, na sua opinião, "está mal e a reagir em agonia" à crise económica.
"Como não tenho responsabilidade institucional, digo o que me apetece", esclareceu o antigo chefe do Executivo espanhol, considerando que os problemas europeus têm solução, mas que é necessário que os Estados Membros reconheçam a situação institucional e económica em que estão, sobretudo devido ao caso de Atenas.
Felipe Gonzalez comparou os mandatários europeus a "galgos que correm atrás de uma lebre mecânica que nunca se sabe quem carrega". Para o político, atribui-se a culpa aos mercados porque não se sabe quem leva essa lebre, "atrás da qual correm os galgos e, quando pensam que a vão morder, estão a dez metros e voltam a correr em agonia para morder a lebre e separam-se outra vez". Gonzalez considera que é assim que se viveu o mês de Agosto, referindo-se às turbulências nos mercados.
O ex-presidente do governo insistiu que se os líderes e as instituições da UE "não têm a sensação de que se está à beira de um abismo, que pode não ser reversível, segue-se uma política agonizante de perseguir a lebre enquanto os galgos vão à falência".
Sobre a Grécia, Gonzalez interroga-se sobre se é possível resgatar o país, bem como se submetê-lo a uma redução do défice a "velocidade de cruzeiro" não poderia ser contraproducente.
O antigo presidente do governo espanhol considerou compreensível que não se esteja a investir na Europa, "começando por Espanha, porque ninguém vê uma perspectiva de crescimento estável a três, quatro ou cinco anos".
Como tem feito nas últimas semanas, Felipe Gonzalez reclamou uma política económica e orçamental comum na UE e que se dê início à criação de 'eurobonds' [obrigações europeias], o que, considera, daria estabilidade às contas de cada país.
Gonzalez disse ainda que os cidadãos não compreendem o que se está a passar na Europa e que os políticos, em vez de apresentar uma explicação, estão a "contribuir para a confusão".
(publicado no site do Diário de Notícias)
Sem comentários:
Enviar um comentário