Edvard Grieg compôs para a peça de teatro Peer Gynt de Henrik Ibsen.
Sinopse da peça:
Peer
Gynt, um lavrador norueguês, passa o tempo a sonhar e perde-se em
fantasias que o abstraem da realidade da quinta. Ase, a sua velha mãe,
acusa-o de desleixar os trabalhos. Mas Peer tenta convencer a mãe de
que um dia será rei ou imperador. A mãe lembra-o que a preguiça lhe custou
a noiva, filha de Hegstad, que se prepara para casar. Impulsivo, Peer
decide impedir o casamento. Ao chegar, todos troçam das suas roupas
andrajosas, exceto, Solveig, mas até ela acabará por o evitar depois
de saber da sua reputação. Ofendido, embebeda-se e vai buscar a noiva
a um armazém onde ela se tinha fechado. Entretanto, chega Ase que, armada de
um bastão se apronta a dar uma lição ao filho. É quando todos os
convidados apercebem Peer em fuga para as montanhas carregando a
noiva nos ombros.
Peer
embarca então numa série de aventuras fantásticas. Abandona a noiva que
raptou e embrenha-se na floresta para casar e depois abandonar a
filha do rei dos Elfos. Na floresta depara-se com um monstro. Depois de
passar, resigna-se a desafiar o monstro para uma luta. Está prestes a
ser devorado por uma nuvem de pássaros quando ao longe se ouvem vozes de mulheres
e sinos de igreja; o monstro desiste. Peer constrói uma cabana na floresta
onde Solveig se reúne a ele para uma existência fora-da-lei. Mais
tarde, Peer reencontra a filha do rei dos Elfos e o filho de ambos. De
novo, numa cruzada da vida, decide partir e pede a Solveig que espere por
ele. Vai despedir-se da mãe, mas encontra-a moribunda. Agarra na mãe
e conta-lhe um conto de fadas para a tranquilizar… depois, fecha-lhe
os olhos já sem vida, beija-lhe as faces, e agradece-lhe os açoites e as
canções de embalar.
Peer
está de novo de partida, e deambula mundo fora. Vende escravos na América,
ídolos na China, rum e bíblias. É assaltado, mas faz-se passar por um profeta
árabe no deserto africano. Foge com uma dançarina, Anitra, mas quando param
para descansar, esta subtrai-lhe os seus tesouros. E assim vê-se de novo em
luta contra uma vida sem sentido. É coroado Rei dos Lunáticos num asilo,
torna-se arqueólogo perante a esfinge e, finalmente, regressa à Noruega de
barco. O barco naufraga. Peer e o cozinheiro do navio agarram-se
desesperadamente a um destroço; para se salvar, atira o cozinheiro ao mar. Chega, por fim, ao seu país. As aventuras e a sua idade já lhe dão direito a um
merecido repouso. Encontra um Fundidor de Botões que lhe diz ter de o
derreter, mas Peer recusa-se a perder a alma e implora pela sua salvação.
Afirma que, no fundo, não é uma má alma. Mas é justamente esse o problema, Peer
não é mau o suficiente para o inferno, mas não merece o Paraíso. E, por isso,
vai para a concha e ser transformado num não-ser a não ser que consiga provar
ser merecedor do Inferno.
Peer
Gynt conta todos os seus feitos: como vendeu escravos, enganou, iludiu e
se salvou em troca da vida de outro homem. Mas o Fundidor de
Botões permanece irredutível.
Os
dois chegam à cabana na floresta e à porta lá está Solveig, agora
envelhecida.
Aguarda-o orgulhosamente,
vestida para ir até à igreja, de missal na mão.
Peer
Gynt atira-se a seus pés e suplica-lhe que revele os seus pecados.
SOLVEIG
– Estás aqui! Oh, Deus seja louvado!
PEER
GYNT – Grita os meus crimes contra ti!
SOLVEIG
– O teu crime? Contra mim? Fizeste da minha vida uma canção de sonho!
PEER
GYNT – Mas quem sou eu? Onde estive?
SOLVEIG
– Tu és o meu amor. E viveste sempre na minha fé, na minha esperança, no
meu coração.
Por
detrás da cabana surge a voz do Fundidor de Botões,
«Voltaremos
a encontrar-nos, Peer Gynt. E então veremos...»
enquanto
ele se afasta, Solveig diz a Peer,
«Velarei
por ti, dorme e sonha agora».
Peer
Gynt afunda o rosto no colo de Solveig
(do programa do Festival ao Largo 2012)
Sem comentários:
Enviar um comentário