L’AMOUREUSE
Elle
est debout sur mes paupières
Et
ses cheveux sont dans les miens,
Elle
a la forme de mes mains,
Elle
a la couleur de mes yeux,
Elle
s’engloutit dans mon ombre
Comme
une pierre sur le ciel.
Elle
a toujours les yeux ouverts
Et
ne me laisse pas dormir.
Ses
rêves en pleine lumière
Font
s’évaporer les soleils,
Me
font rire, pleurer et rire,
Parler
sans avoir rien à dire
A
ENAMORADA
Ela
está de pé sobre minhas pálpebras
e
seus cabelos estão nos meus
Ela
tem a forma de minhas mãos
Ela
tem a cor de meus olhos
Ela
é devorada por minha sombra
Como
uma pedra contra o céu.
Ela
tem sempre os olhos abertos
E
não me deixa dormir.
Seus
sonhos em plena luz
Fazem
evaporar os sóis
Me
fazem rir, chorar e rir,
Falar
sem ter nada a dizer.
(tradução: Priscila
Manhães, na ZUNÁI - Revista de poesia
& debates)
"Quero
crer que a "enamorada" do famoso poema de Éluard seja a poesia, essa
cujos "sonhos em plena luz" o fazem "parler sans avoir rien à
dire". Porque, na poesia, falar para dizer coisas é o mesmo que fazer
amor para fazer filhos."
(Manuel
António Pina na Notícias Magazine de ontem. Crónica completa, aqui)
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