segunda-feira, 16 de julho de 2012

Paul Éluard, L'amoureuse


L’AMOUREUSE
Elle est debout sur mes paupières
Et ses cheveux sont dans les miens,
Elle a la forme de mes mains,
Elle a la couleur de mes yeux,
Elle s’engloutit dans mon ombre
Comme une pierre sur le ciel.
Elle a toujours les yeux ouverts
Et ne me laisse pas dormir.
Ses rêves en pleine lumière
Font s’évaporer les soleils,
Me font rire, pleurer et rire,
Parler sans avoir rien à dire
A ENAMORADA
Ela está de pé sobre minhas pálpebras
e seus cabelos estão nos meus
Ela tem a forma de minhas mãos
Ela tem a cor de meus olhos
Ela é devorada por minha sombra
Como uma pedra contra o céu.
Ela tem sempre os olhos abertos
E não me deixa dormir.
Seus sonhos em plena luz
Fazem evaporar os sóis
Me fazem rir, chorar e rir,
Falar sem ter nada a dizer.
(tradução: Priscila Manhães, na ZUNÁI - Revista de poesia & debates)
"Quero crer que a "enamorada" do famoso poema de Éluard seja a poesia, essa cujos "sonhos em plena luz" o fazem "parler sans avoir rien à dire". Porque, na poesia, falar para dizer coisas é o mesmo que fazer amor para fazer filhos."
(Manuel António Pina na Notícias Magazine de ontem. Crónica completa, aqui)

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