Paul Krugman, que recebeu hoje o doutoramento honoris causa por três universidades (a de Lisboa, a Técnica e a Nova), começou o seu discurso dizendo que é em alturas de crise como a actual que os economistas e a análise económica são mais úteis, mas que não é isso que está a acontecer. “É doloroso para mim assistir ao fracasso da profissão”, atirou o economista. O prémio Nobel da Economia em 2008, que tem sido particularmente crítico à via de austeridade seguida pelos países europeus para combater a crise, atribuiu boa parte da responsabilidade por isso aos economistas. Segundo Krugman, os argumentos usados para defender medidas de austeridade em vez de mais investimento público ou de expansão monetária têm muita pouca base de sustentação. “Havia economistas a usar argumentos de há 80 anos, que foram refutados no debate económico nos anos seguintes”, explica, acusando os colegas de profissão de terem esquecido a história das depressões económicas e a fórmula certa para as combater. “Algo correu muito mal na profissão e com consequências muito graves para o mundo”, salientou Krugman, admitindo mesmo que “o que se passa na Europa e no mundo se deve em grande parte ao fracasso dos economistas”. “Dediquei a minha vida ao avanço da economia e agora temos uma situação em que a profissão é inútil”, lamentou o prémio Nobel, para de seguida lançar um apelo: “Não é altura de os economistas de ficarem calados, a vida de milhões de pessoas está em jogo, é altura de a profissão se auto-analisar”. E terminou com um misto de sinal de esperança e de aviso, ao dizer que a crise actual irá acabar, mas que haverá sempre outra – uma certeza deixada pela história económica, mas que Krugman diz que foi esquecida pelos seus colegas. (do site do jornal Público)
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