sábado, 29 de março de 2014

A situação na Ucrânia


No dia 7 de fevereiro de 2010, a população ucraniana escolheu Viktor Yanukovitch, candidato reconhecidamente pró-russo.
Viktor Yanukovitch venceu as eleições presidenciais na Ucrânia, tendo ficado em segundo lugar Júlia Timochenko. Até essa data Júlia Timochenko era primeira-ministra. Dá-se uma inversão do rumo que a Ucrânia seguia de aproximação à União Europeia. 
Em novembro de 2013 a Ucrânia suspende as negociações para um acordo de associação com a União Europeia. Seguem-se três meses de violentas manifestações.
Em fevereiro de 2014 Yanukovitch é destituído por decisão do Parlamento. Mas o Parlamento tinha legitimidade para destituir o Presidente? A decisão foi legal ou tratou-se de um golpe de Estado? Esta questão tem sido omitida na informação que chega até nós. A informação que nos chega apresenta uma visão parcial da realidade e antigos fantasmas do tempo da “guerra fria” têm sido acenados. O que é certo é que a sitação é completamente distinta. Não existem duas super-potências mas sim uma única. Continua a existir a NATO mas deixou de existir o Pacto de Varsóvia. Assim, é completamente irrealista falar em “ameaça russa”. Há sim é que ter em conta a complexidade étnica e cultural da Ucrânia, que está longe de ser um país homogénio.
O russo é amplamente falado, em especial no leste e no sul do país. Segundo o censo de 2001, 67,5% da população declararam falar o ucraniano como língua materna, contra 29,6% que falam o russo como primeira língua. No sul e leste da Ucrânia a população russófona é claramente maioritária, pelo que é natural que não aceite o novo poder saído daquilo que tudo indica ter sido um golpe de Estado. O extremar de posições origina a rotura, o que já ocorreu na Crimeia. Só é possível preservar a unidade territorial da Ucrânia se for tida em conta a população russófona do país – quase um terço da população. No mapa apresentado é evidente a divisão do país. Só políticas e atitudes moderadas permitem a preservação da unidade do país. A radicalização de posições conduz à rotura e ao desmembramento da Ucrânia que está a acontecer.

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