“Portugal é demasiado velho para se tornar um puto neoliberal carregado do pestilento acne do individualismo triunfante. Já nem na América se usa este ambiente de bordel sem luxúria.”
“No livro da Tatiana**, a paixão acontece de repente e muda passado e futuro num sopro. É de facto assim mas poucos são capazes de ver. Atordoam-se. Organizam-se. Despedaçam-se no escuro. A luz assusta – poucos a distinguem, no carrossel dos néones. “O lume que acendia enchia a sua casa de fumo, não a iluminava de luz”, escreve Abelardo na História Calamitatum que é o relato, na primeira pessoa da sua vida. O amor por Heloísa perdeu-o e salvou-o, isto é, permitiu-lhe perceber a diferença entre as variedades da luz e do lume. E nada mais há para perceber nesta vida.”
* Sublinhado meu
** Dois Rios de Tatiana Salem Levy
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