quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Luís de Camões

Retrato de Fernão Gomes

Busque Amor novas artes, novo engenho

para matar-me, e novas esquivanças;

que não pode tirar-me as esperanças,

que mal me tirará o que não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho

Vede que perigosas seguranças!

Que não temo contrastes, nem mudanças,

andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto

onde esperança falta, lá me esconde

Amor um mal que mata e não se vê.

Que dias há que na alma me tem posto

um não sei quê, que nasce não sei onde,

vem não sei como e dói não sei porquê.

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