segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Palestina membro da UNESCO
domingo, 30 de outubro de 2011
Carta a Meus Filhos sobre os Fuzilamentos de Goya
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.
E é possível que não seja isto, nem sequer isto
o que vos interesse para viver. Tudo é possível,
ainda quando lutemos, como devemos lutar,
por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,
ou mais que qualquer delas uma fiel
dedicação à honra de estar vivo.
Um dia sabereis que mais que a humanidade
não tem conta o número dos que pensaram assim,
amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,
de insólito, de livre, de diferente,
e foram sacrificados, torturados, espancados,
e entregues hipocritamente à secular justiça,
para que os liquidasse com suma piedade e sem efusão de sangue.
Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,
a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas
à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,
foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,
e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,
ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.
Às vezes, por serem de uma raça, outras
por serem de uma classe, expiaram todos
os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência
de haver cometido. Mas também aconteceu
e acontece que não foram mortos.
Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer
aniquilando mansamente, delicadamente
por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.
Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,
foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha
há mais de um século e que por violenta e injusta
ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,
que tinha um coração muito grande, cheio de fúria
e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.
Apenas um episódio, um episódio breve,
nesta cadeia de que sois um elo (ou não sereis)
de ferro e de suor e sangue e algum semen
a caminho do mundo que vos sonho.
Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém
vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la.
É isto o que mais importa – essa alegria.
Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto
não é senão essa alegria que vem
de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez
alguém está menos vivo ou sofre ou morre
para que um só de vós resista um pouco mais
à morte que é de todos e virá.
Que tudo isto sabereis serenamente,
sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,
e sobretudo sem desapego ou indiferença,
ardentemente espero. Tanto sangue,
tanta dor, tanta angústia, um dia
– mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga –
não hão-de ser em vão. Confesso que,
muitas vezes, pensando no horror de tantos séculos
de opressão e crueldade, hesito por momentos
e uma amargura me submerge inconsolável.
Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,
quem ressuscita esses milhões, quem restitui
não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes
aquele instante que não viveram, aquele objecto
que não fruíram, aquele gesto
de amor, que fariam «amanhã».
E, por isso, o mesmo mundo que criemos
nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa
que não é só nossa, que nos é cedida
para a guardarmos respeitosamente
em memória do sangue que nos corre nas veias,
da nossa carne que foi outra, do amor que
outros não amaram porque lho roubaram.
Jorge de Sena (in "Metamorfoses", 1963)
sábado, 29 de outubro de 2011
A "verdade", diz ele
Não tenho fé religiosa alguma (nem fé alguma na literatura, quanto mais naquilo a que o "pivot" chama de literatura, da qual só vagamente conheço um episódio erótico com "sopa de leite de mama"). A questão da virgindade de Maria é matéria de fé e não me diz, por isso, respeito. Só que, justamente por se tratar de matéria de fé, não me parece que seja coisa com que se devam fazer números de circo capazes de embasbacar o "grande público" pagante.
Por outro lado, a verdade da fé é distinta da verdade histórica ou da científica, quanto mais das "verdades" de feirantes de livros. Para se poder amar e admirar uma obra como, por exemplo, o "Génesis" (isso, sim, grande literatura) é preciso suspender a incredulidade. Não me espantará, pois, que o "pivot" venha, a seguir, denunciar mais essa "fraude" da Bíblia, "revelando" ao "grande público" a verdade sobre o Big Bang. Dispenso-me, claro, de comentar o disparate de que Jesus, por ter nascido judeu, não era... cristão.
Mas a Igreja, não poderia ela ter deixado a César o que é de César, que é como quem diz o negócio dos livros ao negócio dos livros?"
O Hermitage no Prado
No Museu do Prado, exposição temporária "O Hermitage no Prado", de 8 de Novembro de 2011 a 25 de Março de 2012. Estarão patentes 120 obras (do século V a.C. até ao século XX) do Museu Hermitage de São Petersburgo.
A Civilização Grega
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
A "Primavera" Árabe
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
E o livro presta?
Eu não sou ocidental!
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
O Segredo do Licorne
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Rafael Moneo projecta Museu da Universidade de Navarra
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Luís de Camões
Olhai de que esperanças me mantenho
Mas, conquanto não pode haver desgosto
Que dias há que na alma me tem posto
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
O Estado Palestiniano
Ibn Abdun
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Um passo para a paz
sábado, 8 de outubro de 2011
Prémio Nobel da Paz 2011
Ellen Johnson Sirleaf, de 72 anos, economista formada em Harvard, foi a primeira mulher presidente de África eleita democraticamente em 2005. A sua luta pela paz, num país que até 2003 se encontrava em guerra civil, foi agora reconhecida. No centro da sua política tem também estado a luta contra a corrupção e a busca de profundas reformas institucionais.
A activista liberiana Leymah Gbowee organizou um grupo de mulheres cristãs e muçulmanas para desafiar os senhores da guerra na Libéria e foi a protagonista de uma greve de sexo que contribuiu para acabar com a guerra civil de 13 anos no país.
Tawakul Karman, de 32 anos liderou a organização Mulheres Jornalistas sem Correntes, um grupo de defesa dos direitos humanos. Tem desempenhado um papel fundamental na organização dos protestos no Iémen contra o governo do Presidente Ali Abdullah Saleh, que se iniciaram no final de Janeiro. Tawaku Karman é jornalista e membro do partido islâmico Islah.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Marie Sklodowska Curie
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Electra
Electra, de Sophia de Mello Breyner Andresen
O rumor do estio atormenta a solidão de Electra
O sol espetou a sua lança nas planícies sem água
Ela solta os seus cabelos como um pranto
E o seu grito ecoa nos pátios sucessivos
Onde em colunas verticais o calor treme
O seu grito atravessa o canto das cigarras
E perturba no céu o silêncio de bronze
Das águias que devagar cruzam seu voo
O seu grito persegue a matilha das fúrias
Que em vão tentam adormecer no fundo dos sepulcros
Ou nos cantos esquecidos do palácio
Porque o grito de Electra é a insónia das coisas
A lamentação arrancada ao interior dos sonhos dos remorsos e dos crimes
E a invocação exposta
Na claridade frontal do exterior
No duro sol dos pátios
Para que a justiça dos deuses seja convocada
No seu poema, Sophia refere-se ao grito de Electra quando julgava que o seu irmão Orestes estava morto. Segundo Hélia Correia, Sophia assistiu à representação, em Lisboa, de Electra, com uma arrepiante interpretação de Aspassia Papathanassiou, a maior atriz grega de que há memória. Aquela representação de Electra inspirou o poema de Sophia.
Segundo a mitologia grega, Agamémnon, rei de Micenas, tinha sido assassinado por Egisto com a cumplicidade da amante, Clitemnestra, mulher de Agamémnon. Electra, filha de Agamémnon e de Clitemnestra, deseja ardentemente vingar o assassinato de seu pai.
A tragédia grega, de Sófocles, Electra passa-se quando Egisto já se tinha tornado rei de Micenas e vivia com Climnestra (mãe de Electra). Orestes, irmão de Electra, que se encontrava ausente desde o assassinato de seu pai, regressa, disfarçado, para vingar a morte do pai. Orestes pôs a correr a notícia da sua morte, o que alegrou a mãe e entristeceu a irmã. Orestes dá-se a conhecer a Electra o que provoca nela uma explosão de alegria. Instigado pela irmã, Electra, Orestes mata a sua mãe e, mais tarde, mata Egisto. Pode considerar-se Electra a autora moral da vingança.
Jung utilizou a expressão "complexo de Electra" para designar o "complexo de Édipo" no feminino, apesar de que não há um paralelismo exacto entre as atitudes de Electra e de Édipo: Electra não casa com o pai e não é ela própria a matar a mãe.
domingo, 2 de outubro de 2011
Em Bruxelas, a banda desenhada ao ar livre
A 9ª arte em fachadas de Bruxelas
Pintura mural de Ric Hochet, criado por Tibet, na Rue de Bon Secours, 9
44 murais dispersos pela cidade convertem-na num museu ao ar livre da banda desenhada. (notícia publicada no site do jornal El País)
Parque Natural do Faial
A Comissão Europeia deu prémios de excelência em turismo sustentável (EDEN) a 21 destinos europeus. Portugal está aqui representado com o Parque Natural do Faial.
Os prémios European Destinations of Excellence (EDEN), entregues em Bruxelas no Dia Mundial do Turismo (27 de setembro), foram atribuídos na edição de 2011 a 21 destinos não muito conhecidos, mas que são considerados "tesouros escondidos na Europa" por praticarem turismo sustentável.
A recuperação de património em paisagem natural foi o tema em 2011 para a escolha de destinos EDEN. O Parque Natural do Faial foi um dos destinos premiados, levando Portugal pela primeira vez a entrar no clube de países com destinos que ostentam este rótulo de excelência.
Os prémios EDEN atribuídos em 2011 foram para os seguintes destinos: - Parque Natural do Faial (Portugal)- Delfos (Grécia)- Gmund (Áustria)- Marche-en-Famenne (Bélgica) - Pustara Visnjica (Croácia)- Parque nacional Lahemaa (Estónia)- Montevecchio (Itália)- Stykkishólmur (Islândia)- Kalopanagiotis (Chipre)- Ligatne (Letónia)- Ecoparque de Trasmiera (Espanha)- Great Western Greenway (Irlanda)- Slovácko (República Checa) - Roubaix (França) - Rokiskis (Lituânia) - Mecsek (Hungria)- Veenhuizen (Holanda)- Zyrardów (Polónia) - Gharb (Malta)- Idrija (Eslovénia) - Hamamonu (Turquia).