segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Palestina membro da UNESCO

A Palestina foi hoje admitida como membro de pleno direito da UNESCO. A resolução foi adoptada com 107 votos a favor, 52 abstenções e 14 votos contra.
Alguns países que votaram a favor: França, Espanha, Áustria, Luxemburgo, Finlândia, Índia, China e quase todos os países árabes, africanos e latino-americanos.
Alguns países que se abstiveram: Reino Unido, Itália e Portugal.
Alguns países que votaram contra: Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Israel.

domingo, 30 de outubro de 2011

Carta a Meus Filhos sobre os Fuzilamentos de Goya

"Os Fuzilamentos de 3 de Maio de 1808" de Francisco Goya

O poema, dito por Mário Viegas, pode ser ouvido aqui.

Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural.

Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.
E é possível que não seja isto, nem sequer isto
o que vos interesse para viver. Tudo é possível,
ainda quando lutemos, como devemos lutar,
por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,
ou mais que qualquer delas uma fiel
dedicação à honra de estar vivo.

Um dia sabereis que mais que a humanidade
não tem conta o número dos que pensaram assim,
amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,
de insólito, de livre, de diferente,
e foram sacrificados, torturados, espancados,
e entregues hipocritamente à secular justiça,
para que os liquidasse com suma piedade e sem efusão de sangue.

Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,
a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas
à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,
foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,
e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,
ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.
Às vezes, por serem de uma raça, outras
por serem de uma classe, expiaram todos
os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência
de haver cometido. Mas também aconteceu
e acontece que não foram mortos.

Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer
aniquilando mansamente, delicadamente
por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.
Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,
foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha
há mais de um século e que por violenta e injusta
ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,
que tinha um coração muito grande, cheio de fúria
e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.

Apenas um episódio, um episódio breve,
nesta cadeia de que sois um elo (ou não sereis)
de ferro e de suor e sangue e algum semen
a caminho do mundo que vos sonho.
Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém
vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la.

É isto o que mais importa – essa alegria.
Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto
não é senão essa alegria que vem
de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez
alguém está menos vivo ou sofre ou morre
para que um só de vós resista um pouco mais
à morte que é de todos e virá.

Que tudo isto sabereis serenamente,
sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,
e sobretudo sem desapego ou indiferença,
ardentemente espero. Tanto sangue,
tanta dor, tanta angústia, um dia
– mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga –
não hão-de ser em vão. Confesso que,
muitas vezes, pensando no horror de tantos séculos
de opressão e crueldade, hesito por momentos
e uma amargura me submerge inconsolável.

Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,
quem ressuscita esses milhões, quem restitui
não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes
aquele instante que não viveram, aquele objecto
que não fruíram, aquele gesto
de amor, que fariam «amanhã».

E, por isso, o mesmo mundo que criemos
nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa
que não é só nossa, que nos é cedida
para a guardarmos respeitosamente
em memória do sangue que nos corre nas veias,
da nossa carne que foi outra, do amor que
outros não amaram porque lho roubaram.

Jorge de Sena (in "Metamorfoses", 1963)

sábado, 29 de outubro de 2011

A "verdade", diz ele

Manuel António Pina no JN de ontem:

"Não sei o que será pior, se um "pivot" televisivo ter escrito um romance de "tese", o que quer que isso seja, com o qual pretende revelar ao "grande público" a "verdade" de que Cristo não era cristão e a Virgem Maria não era virgem, se a decisão da Igreja de promover comercialmente o livro levando-o a sério.

Não tenho fé religiosa alguma (nem fé alguma na literatura, quanto mais naquilo a que o "pivot" chama de literatura, da qual só vagamente conheço um episódio erótico com "sopa de leite de mama"). A questão da virgindade de Maria é matéria de fé e não me diz, por isso, respeito. Só que, justamente por se tratar de matéria de fé, não me parece que seja coisa com que se devam fazer números de circo capazes de embasbacar o "grande público" pagante.

Por outro lado, a verdade da fé é distinta da verdade histórica ou da científica, quanto mais das "verdades" de feirantes de livros. Para se poder amar e admirar uma obra como, por exemplo, o "Génesis" (isso, sim, grande literatura) é preciso suspender a incredulidade. Não me espantará, pois, que o "pivot" venha, a seguir, denunciar mais essa "fraude" da Bíblia, "revelando" ao "grande público" a verdade sobre o Big Bang. Dispenso-me, claro, de comentar o disparate de que Jesus, por ter nascido judeu, não era... cristão.

Mas a Igreja, não poderia ela ter deixado a César o que é de César, que é como quem diz o negócio dos livros ao negócio dos livros?"

KMOMA

Herzog e de Meuron projectaram o Museu de Arte Moderna de Calcutá (Kolkata Museum of Modern Art - KMOMA). A inauguração está prevista para 2015. Será o maior museu de arte moderna da Ásia.
Aqui, podemos ver imagens virtuais.

O Hermitage no Prado

Caravaggio, "Tocador de alaúde" (1595-1596)

No Museu do Prado, exposição temporária "O Hermitage no Prado", de 8 de Novembro de 2011 a 25 de Março de 2012. Estarão patentes 120 obras (do século V a.C. até ao século XX) do Museu Hermitage de São Petersburgo.

As dívidas soberanas

The Telegraph publica um gráfico com as percentagens que as dívidas soberanas representam relativamente ao respectivo PIB.

A Civilização Grega

Quase por acaso, encontrei este livro na estante de uma livraria. "A Civilização Grega" de André Bonnard, traduzido por José Saramago. O livro foi editado em Fevereiro de 2007. Não me parecia possível que José Saramago tivesse feito a tradução de um livro nos últimos anos da sua vida. Fiz uma busca na net e fiquei a saber que se trata da reedição de um livro inicialmente publicado em 1983. Está explicado!
Na contracapa do livro:
"Toda a civilização grega tem o homem como ponto de partida e como objecto. Procede das suas necessidades, procura a sua utilidade e o seu progresso. Para aí chegar, desbrava ao mesmo tempo o mundo e o homem, e um pelo outro. O homem e o mundo são, para ela, espelhos um do outro, espelhos que se defrontam e se lêem mutuamente.
A civilização grega articula um no outro o mundo e o homem. Casa-os na luta e no combate, numa fecunda amizade, que tem por nome harmonia."
Estes dois parágrafos fizeram-me lembrar Agostinho da Silva. Já não sei se ouvi ou se li. Dizia Agostinho da Silva (estou a citar de memória):
"Dizem que os gregos são como são por viverem num local onde a terra e o mar se interpenetram. Mas eu coloco a questão inversamente: Os povos eram nómadas. Por ali passaram muitos povos. Os que aí se fixaram, fizeram-no porque entenderam que aquele local estava de acordo com a sua maneira de ser".
O homem como ponto de partida!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A "Primavera" Árabe

Escreveu Inês Pedrosa no Sol de hoje:
"Eu desconfio muito de uma "Primavera" que tortura e avilta" (a propósito do assassinato de Kadhafi, antecedido de torturas violentas).
Escreveu José Pacheco Pereira no Público de sábado passado:
"Em nenhum caso (Tunísia, Egipto e Marrocos), a liberdade religiosa, ou a condição feminina, os dois grandes obstáculos à democracia nos países muçulmanos, está hoje melhor do que estava antes, bem pelo contrário."
"Quando Khadafi foi, por fim, assassinado, num ataque militar que começou com aviões da OTAN e terminou com uma execução sumária, não foi o "povo" líbio que ganhou a guerra."

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

E o livro presta?

Já comecei a ler vários livros de António Lobo Antunes mas larguei-os bastante antes de chegar a meio. Aos amigos, tenho dito que não gosto dos livros de António Lobo Antunes, mas com algum receio de que alguém me considere inculto.
Mas afinal há quem tenha a coragem de escrever que o rei vai nu.
Acerca do último livro "Comissão das Lágrimas", transcrevo alguns excertos de críticas publicadas no Actual, suplemento do Expresso, em 15 de Outubro último.
António Guerreiro:
"Ao impedir o leitor de compreender e seguir uma intriga, retira-lhe algo que é uma necessidade imanente do romance e do qual ele não pode prescindir"
"artifício gratuito de uma hiperliteratura deslumbrada consigo mesma"
Clara Ferreira Alves:
"Ninguém dirá a verdade a Lobo Antunes: alguns livros são ilegíveis, puro contorcionismo e acrobacia palavrosa, discursos e vozes sem rumo nem identificação, narrativa sem estrtutura, personagens apenas nomeadas que nunca chegam a formar-se, muito menos a identificar-se fora da cabeça do escritor. Ele sabe do que está a falar e quem está a falar, os leitores não. O escritor deixa os leitores à porta."
Posto à venda há menos de um mês já vai na 4ª edição. Vendem-se tantos exemplares porque as pessoas não o lêem. Se lessem...

Eu não sou ocidental!

Do site do Diário de Notícias: "Novos vídeos revelam torturas cruéis a Kadhafi" e, também:
"A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch afirmou hoje ter descoberto 53 cadáveres num hotel de Sirte, suspeitando tratar-se de combatentes leais a Muammar Kadhafi que terão sido executados pelas forças revolucionárias".
Revoltante!
São estes os "rebeldes" que as "forças ocidentais" apoiam!?
As "forças ocidentais" bombardearam a Líbia para evitar assassínios ou para apoiar assassinos?
Mas afinal quais são os piores: Kadhafi e quem o apoiava ou os que os atacaram, torturaram e assassinaram?
Mas se são todos iguais porque é que as "forças ocidentais" apoiaram uns e não os outros?
E estes crimes vão ficar impunes?
Em caso afirmativo, eu não sou ocidental.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O Segredo do Licorne

O cavaleiro Francisco de Hadoque

É já na próxima quinta-feira que estreia o filme "O Segredo do Licorne". O trailer aqui.
O Segredo do Licorne foi o 11º album, publicado a cores em 1943. A pré-publicação, a preto e branco, tinha acontecido entre 11 de Junho de 1942 e 14 de Janeiro de 1943 nas páginas do Soir.
Vale a pena estarmos atentos aos magníficos automóveis como, por exemplo, o Ford V8 de 1937:
Já na altura havia (ex-)funcionários públicos que mereciam ficar sem o 13º mês e sem subsídio de férias. Então, não é que Aristides Filoselle - que tinha roubado inúmeras carteiras aos irmãos Dupondt e a outros incautos cidadãos - era um funcionário público reformado!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Rafael Moneo projecta Museu da Universidade de Navarra

Maqueta do futuro Museu da Universidade de Navarra

Rafael Moneo projectou o Museu da Universidade de Navarra. Edifício com 11000 m2, dos quais 2700 serão de salas de exposição. Inclui também um auditório com a capacidade para 700 pessoas. O museu contará com obras de Pablo Picasso, Mark Rothko, Pablo Palazuelo, Rafael Ruiz Balerdi, Antonio Saura, Jorge Oteiza, Eduardo Chillida, Eugenio Sempere, etc.
Rafael Moneo descreve assim a implantação do centro: “Un sendero plantado de chopos de alguna envergadura define el límite de lo que es la propiedad de la Universidad de Navarra. Tras elegir cuál iba a ser el lugar en el que levantar el Museo, se pensó que el edificio debiera mezclarse y fundirse en el paisaje haciendo que éste pudiera entenderse como una continuación de aquel".
Notícia do jornal El País aqui.
Imagens virtuais do edifício aqui.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Luís de Camões

Retrato de Fernão Gomes

Busque Amor novas artes, novo engenho

para matar-me, e novas esquivanças;

que não pode tirar-me as esperanças,

que mal me tirará o que não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho

Vede que perigosas seguranças!

Que não temo contrastes, nem mudanças,

andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto

onde esperança falta, lá me esconde

Amor um mal que mata e não se vê.

Que dias há que na alma me tem posto

um não sei quê, que nasce não sei onde,

vem não sei como e dói não sei porquê.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O Estado Palestiniano

Ontem, 13 de Outubro, num debate organizado pelo jornal El País, os representantes tanto do PSOE (Moratinos) como do PP (Aristegui) afirmaram que, para que a paz no Médio Oriente prospere se deve reconhecer o Estado Palestiniano.
No mês passado a intervenção de Passos Coelho na Assembleia-Geral da ONU foi no sentido de que o Estado Palestiniano seja reconhecido só depois de palestinianos e israelitas assinarem um acordo de paz. Diz Passos Coelho que quer evitar "solução forçada".
Perspectivas ligeiramente diferentes.

Ibn Abdun

BEM CEDO o destino nos fustiga...
E para trás rastos vão ficando.
Esconjuro-te! Deixa que te diga:
Não chores por sombras, tudo é ilusão.
Ai de quem com quimeras vai sonhando
Entre as garras e os dentes do leão!
Que a vida não te iluda e entorpeça já.
Para a vigília são teus olhos feitos.
Ó noite, que do teu ócio nos afaste Alá.
E dos que ao teu feitiço estão sujeitos!
Teu prazer engana, víbora escondida
Detrás da flor: morde quem a quer colher.
Quanta geração foi de Alá querida!
O que ficou? - Poderá a memória responder?
Quem pode a menor coisa pretender.
E talentoso ou bom, deveras, ser?
Quem pode dar recompensa ou castigar?
Quem põe fim ao sopro da desgraça?
Quem é que a Danação pode afastar
Ou a tragédia que o Destino traça?
Ó vã generosidade, ó vão valor!
Quem me defenderá do opressor
- Calamidade em noite sem aurora -
Quem? Se já não há regra a respeitar
E o que resta é um silêncio imposto?
Quem é que apagará o amargo gosto
Que nunca ninguém pode apagar?

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Um passo para a paz

Israel e o Hamas estabeleceram um acordo para a libertação de prisioneiros. Serão libertados Gilad Shalit (soldado israelita) e 1027 palestinianos. Marwan Barghouti (com potencialidades para vir a ser o futuro líder dos palestinianos) não será libertado.

sábado, 8 de outubro de 2011

Prémio Nobel da Paz 2011

O Prémio Nobel da Paz 2011 foi atribuído a três mulheres: a presidente da Libéria Ellen Johnson Sirleaf, a activista também liberiana Leymah Gbowee e a iemenita Tawakul Karman.

 O Comité Nobel Norueguês distinguiu as três mulheres "pela luta pacífica em defesa da segurança das mulheres e dos direitos das mulheres na participação total no trabalho de construção da paz". Segundo o Comité Nobel Norueguês: "Não podemos alcançar a democracia e paz duradoura no mundo sem que as mulheres consigam as mesmas oportunidades que os homens para influenciar os acontecimentos em todos os níveis da sociedade".

Ellen Johnson Sirleaf, de 72 anos, economista formada em Harvard, foi a primeira mulher presidente de África eleita democraticamente em 2005. 

A sua luta pela paz, num país que até 2003 se encontrava em guerra civil, foi agora reconhecida. No centro da sua política tem também estado a luta contra a corrupção e a busca de profundas reformas institucionais.



A activista liberiana Leymah Gbowee organizou um grupo de mulheres cristãs e muçulmanas para desafiar os senhores da guerra na Libéria e foi a protagonista de uma greve de sexo que contribuiu para acabar com a guerra civil de 13 anos no país.



Tawakul Karman, de 32 anos liderou a organização Mulheres Jornalistas sem Correntes, um grupo de defesa dos direitos humanos. Tem desempenhado um papel fundamental na organização dos protestos no Iémen contra o governo do Presidente Ali Abdullah Saleh, que se iniciaram no final de Janeiro.

 Tawaku Karman é jornalista e membro do partido islâmico Islah.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Marie Sklodowska Curie

Comemoram-se em 2011 os cem anos da atribuição do Prémio Nobel da Química a Marie Sklodowska Curie pela descoberta dos elementos rádio e polónio e pelo estudo dos seus compostos. Este facto serviu de motivação a que se tenha declarado 2011 como o Ano Internacional da Química. Mas este ano celebra-se igualmente um século sobre a descoberta do núcleo atómico por Ernest Rutherford. Este notável acontecimento leva-nos a recordar que ainda não foi esclarecida uma das interrogações mais fundamentais de todos os tempos, uma questão central para a compreensão do universo: «de que são feitas as coisas?», ou seja, «o que é a matéria?». Os antigos gregos já tinham formulado duas respostas distintas: a de Empédocles de Agrigento, de natureza “química”, na qual se definiam quatro elementos – o ar, a água, a terra e o fogo – que juntamente com dois princípios – o amor e o ódio – explicavam a diversidade das substâncias existentes; e a de Demócrito de Abdera, de natureza “física”, que baseava toda a riqueza do real na existência de átomos que se moviam no vazio bem como nas suas interacções.

A ciência moderna corresponde a uma maneira própria e muito eficaz de observar, descrever e transformar a realidade. É hoje um vastíssimo corpo de conhecimentos organizado em disciplinas, subdisciplinas e especialidades, mas dividido tradicionalmente em grandes domínios, entre os quais sobressaem a química – a ciência das substâncias e das suas combinações e a física – a ciência da massa e da energia.

(...) As reflexões, bem como os debates com o público, vão servir certamente para solidificar e perfumar os caminhos que teremos de percorrer neste século à procura de um mundo melhor.

João Caraça
Director do Serviço de Ciência da Fundação Calouste Gulbenkian

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Electra

Orestes e Electra - escultura encontrada no Templo de Serápis, em Pozzuoli (Itália). Encontra-se no Museu Arqueológico de Nápoles

Electra, de Sophia de Mello Breyner Andresen

O rumor do estio atormenta a solidão de Electra
O sol espetou a sua lança nas planícies sem água
Ela solta os seus cabelos como um pranto
E o seu grito ecoa nos pátios sucessivos
Onde em colunas verticais o calor treme
O seu grito atravessa o canto das cigarras
E perturba no céu o silêncio de bronze
Das águias que devagar cruzam seu voo
O seu grito persegue a matilha das fúrias
Que em vão tentam adormecer no fundo dos sepulcros
Ou nos cantos esquecidos do palácio

Porque o grito de Electra é a insónia das coisas
A lamentação arrancada ao interior dos sonhos dos remorsos e dos crimes

E a invocação exposta
Na claridade frontal do exterior
No duro sol dos pátios

Para que a justiça dos deuses seja convocada

No seu poema, Sophia refere-se ao grito de Electra quando julgava que o seu irmão Orestes estava morto. Segundo Hélia Correia, Sophia assistiu à representação, em Lisboa, de Electra, com uma arrepiante interpretação de Aspassia Papathanassiou, a maior atriz grega de que há memória. Aquela representação de Electra inspirou o poema de Sophia.

Segundo a mitologia grega, Agamémnon, rei de Micenas, tinha sido assassinado por Egisto com a cumplicidade da amante, Clitemnestra, mulher de Agamémnon. Electra, filha de Agamémnon e de Clitemnestra, deseja ardentemente vingar o assassinato de seu pai.

A tragédia grega, de Sófocles, Electra passa-se quando Egisto já se tinha tornado rei de Micenas e vivia com Climnestra (mãe de Electra). Orestes, irmão de Electra, que se encontrava ausente desde o assassinato de seu pai, regressa, disfarçado, para vingar a morte do pai. Orestes pôs a correr a notícia da sua morte, o que alegrou a mãe e entristeceu a irmã. Orestes dá-se a conhecer a Electra o que provoca nela uma explosão de alegria. Instigado pela irmã, Electra, Orestes mata a sua mãe e, mais tarde, mata Egisto. Pode considerar-se Electra a autora moral da vingança.

Jung utilizou a expressão "complexo de Electra" para designar o "complexo de Édipo" no feminino, apesar de que não há um paralelismo exacto entre as atitudes de Electra e de Édipo: Electra não casa com o pai e não é ela própria a matar a mãe.

domingo, 2 de outubro de 2011

Em Bruxelas, a banda desenhada ao ar livre

Caroline Baldwin, série de banda desenhada da autoria de André Taymans

Este mural é da autoria de Bruno Wesel. Encontra-se na Place de Nivone, 10. Podem encontrar-se mais murais aqui e aqui.

A 9ª arte em fachadas de Bruxelas

Pintura mural de Ric Hochet, criado por Tibet, na Rue de Bon Secours, 9

44 murais dispersos pela cidade convertem-na num museu ao ar livre da banda desenhada. (notícia publicada no site do jornal El País)

Parque Natural do Faial

A Comissão Europeia deu prémios de excelência em turismo sustentável (EDEN) a 21 destinos europeus. Portugal está aqui representado com o Parque Natural do Faial.

Os prémios European Destinations of Excellence (EDEN), entregues em Bruxelas no Dia Mundial do Turismo (27 de setembro), foram atribuídos na edição de 2011 a 21 destinos não muito conhecidos, mas que são considerados "tesouros escondidos na Europa" por praticarem turismo sustentável.

A recuperação de património em paisagem natural foi o tema em 2011 para a escolha de destinos EDEN. O Parque Natural do Faial foi um dos destinos premiados, levando Portugal pela primeira vez a entrar no clube de países com destinos que ostentam este rótulo de excelência.

Os prémios EDEN atribuídos em 2011 foram para os seguintes destinos: - Parque Natural do Faial (Portugal)- Delfos (Grécia)- Gmund (Áustria)- Marche-en-Famenne (Bélgica) - Pustara Visnjica (Croácia)- Parque nacional Lahemaa (Estónia)- Montevecchio (Itália)- Stykkishólmur (Islândia)- Kalopanagiotis (Chipre)- Ligatne (Letónia)- Ecoparque de Trasmiera (Espanha)- Great Western Greenway (Irlanda)- Slovácko (República Checa) - Roubaix (França) - Rokiskis (Lituânia) - Mecsek (Hungria)- Veenhuizen (Holanda)- Zyrardów (Polónia) - Gharb (Malta)- Idrija (Eslovénia) - Hamamonu (Turquia).