Estou encantado com o ”O Tempo e o Modo”. Não, não me estou a referir
à “revista de pensamento e acção” cujo 1º número saiu em Janeiro de 1963 e
tinha como diretor António Alçada Baptista. Estou a referir-me a um programa de
televisão. Para os mais distraídos digo que consiste numa série de onze
programas, dos quais já foram transmitidos dois. Passam na RTP2 às
quintas-feiras, às 23:30. Programa da autoria de Graça Castanheira. Cada
programa é dedicado a uma personalidade. Já passaram os programas com Eduardo
Galeano e com Laurie Anderson. Teremos ainda: Lucrecia Martel, Gonçalo M.
Tavares, Suad Amiry, Karen Amstrong, Esther Duflo, Vandana Shiva, Braden
Allenby, Martin Jacques e Lula da Silva.
Já li que são programas com entrevistas mas não
estamos habituados a entrevistas deste tipo. A entrevistadora não se ouve nem
se vê. O tempo de antena é todo da pessoa entrevistada. É esta a melhor crítica
que se poderia fazer àquelas entrevistas em que as entrevistadoras (tipo Judite
de Sousa) assumem o protagonismo, emitem opiniões, tentam “entalar” ou
“apaparicar” - conforme as suas simpatias - a pessoa entrevistada.
O programa não é longo, tem a duração de meia hora.
Poderia haver a tentação de nos ser servida meia hora cheia de palavras, cheia
a abarrotar, para que o pouco tempo disponível fosse muito bem “aproveitado”. Pois não. O discurso direto é entermeado com
saborosas imagens. Acima de tudo esses períodos, em que vemos imagens – no último
programa eram imagens de Nova Iorque – concedem-nos o tempo para digerirmos as
palavras ouvidas. Assim, os novos ouvidos não perdem o fôlego. Os tempos com e
sem discurso direto são os adequados para que tanto as palavras como as imagens
sejam bem saboreadas.
Graça Castanheira demonstra consideração pela
personalidade convidada e por nós que vemos e ouvimos o seu programa.
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