domingo, 10 de abril de 2011

Nicolau de Chanterene

"A Virgem com o Menino", Nicolau de Chanterene, Museu de Évora

Na passada quinta-feira, 7 de Abril, o Doutor António Camões Gouveia (Director do Museu) realizou uma visita guiada às esculturas e peças arquitectónicas da Sala do Renascimento do Museu de Évora.

Deu destaque ao pequeno retábulo em mármore, de cerca de 1540, da autoria de Nicolau de Chanterene. O retábulo é proveniente da capela circular (antigas termas romanas) do antigo Palácio dos Silveiras, Condes de Sortelha (hoje, Edifício da Câmara Municipal de Évora). Na altura da criação da escultura, reinava D. João III. As especiarias que chegavam da Índia conferiam grande desafogo financeiro ao rei. D. João III protegeu as letras e as artes, fundou o Colégio das Artes em Coimbra, contratou eminentes humanistas, como André de Gouveia. O reinado de D. João III viria a ser manchado com a instauração no Reino, em 1536, da Santa Inquisição, responsável pela condenação de alguns desses humanistas.

Nicolau de Chanterene trabalhou em Portugal de 1517 (reinava D. Manuel I) a 1551 (data provável da sua morte). Introduziu no nosso país o Renascimento de influência italiana e, duas décadas depois, o classicismo. Trabalhou no Mosterio dos Jerónimos, na Igreja de Santa Cruz (Coimbra), no Mosteiro de São Marcos (Tentúgal), em Sintra (retábulo que está no Palácio da Pena). Em 1533 partiu para Évora, onde tem das suas mais notáveis obras, tais como o túmulo de D. Francisco de Melo, no Convento dos Lóios, e as tribunas da Igreja de S. Francisco.

Em relação a este pequeno retábulo é de notar a representação em perspectiva e a abóbada em forma de concha (remetendo para o Nascimento de Vénus).

De realçar que a figura que representa a Virgem poderia representar uma dama da corte. Esta forma de representação traduz o antropocentrismo e o racionalismo assumidos pelo Renascimento, aspectos que evidenciam a íntima ligação entre Renascimento e Humanismo.

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