Confesso
que não conhecia Patrick Modiano. Nas vésperas da revelação do premiado com o
Nobel da Literatura 2014, o jornal El País anunciava os
favoritos: Haruki Murakami, Milan Kundera e Philip
Roth.
A
vitória de Patrick Modiano surpreendeu todos, o próprio incluído que afirmou: “Nunca pensei que isto me pudesse acontecer, estou muito
tocado, cheio de emoções”.
O Comité tem-nos habituado a estas surpresas e ainda
bem. Penso que mais do que premiar uma carreira, o Nobel deve servir para dar
notoriedade a escritores que merecem essa notoriedade e ainda a não possuem.
A vontade de conhecer Modiano fez-me ir à livraria procurar por um livro seu. Não havia. Fui então à Biblioteca Pública. Lá encontrei "Um circo que passa", livro escrito em 1992. Li-o ontem. Uma escrita acessível. Um quase policial. Dado o tema tratado, seria de esperar um pouco de sensualidade, mas nada. Lá estava a "arte da memória". Uma história muito bem contada. Um pequeno excerto do livro: “Hoje, revejo essa cena à distância. Por detrás do vidro de uma janela, numa luz difusa, eu distingo um loiro cinquentão em roupão de escocês, uma rapariga de casaco de peles e um jovem... A lâmpada, no pé do candeeiro, era demasiado fraca. Se eu pudesse voltar atrás no tempo e regressar àquele quarto, poderia trocar a lâmpada. Mas sob uma luz mais forte, tudo se poderia dissipar.”
O original, em francês, está acessível na net:
http://www.ae-lib.org.ua/texts/modiano__un_cirque_passe__fr.htm
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