Vítor Gaspar
colocou hoje o seu melhor ar de hipnotizador para nos tentar passar três
ideias: que o ajustamento está a correr como o previsto; que o défice orçamental
foi cumprido; e que em 2014 tudo começa a melhorar.
São tudo
inverdades. O ajustamento não está a correr como o previsto. O défice orçamental
não é cumprido desde 2011. E em 2014 não há sinais de melhoria no horizonte.
O certo é que
com o seu experimentalismo económico e o seu fuindamentalismo ideológico, o
ministro colocou o país de pantanas. A dívida pública vai chegar aos 124% em
2014, um valor obviamente impagável. O desemprego está descontrolado, porque
atingir 2016 sempre com taxas de desemprego acima dos 18% é uma barbaridade - e
vamos ver se este valor não trepará ainda mais. Estamos no terceiro ano de
recessão, com um valor acumulado de 7%. E o défice orçamental foi de 6,6% no
ano passado contra o objetivo inicial de 4,5% e final de 5% - apesar do
ministro agora ter descoberto que há três valores para o défice: o que conta
para a troika (4,9%), o que conta para o Eurostat (6,6%) e o saldo orçamental
sem efeitos pontuais (6%). Uma conversa para obviamente enganar e coinfundir os
incautos.
Na verdade, foi
Gaspar que optou, depois de falhar o ajustamento orçamental em 2011 e 2012, por
carregar a sério num brutal aumento de impostos para 2013, contra o que estava
escrito no programa de ajustamento e contra a vontade da troika. O resultado é
uma economia devastada pelo napalm dos impostos.
Que Gaspar
piedosamente fale agora em algumas medidas de apoio ao crescimento só dá para
chorar, porque não há nenhuma vontade de rir. Quem é que investe neste
ambiente? Quem é que aposta num país sem energia? E quem acredita que é mesmo
isso que o ministro quer?
Gaspar fala
fala mas nós não o vemos a fazer nada para apoiar o crescimento. Talvez não
seja ele que tenha de fazer isso. Mas então é melhor não mencionar a corda na
casa do enforcado. Até porque os seus truques de hipnotismo deixaram obviamente
de ter qualquer credibilidade.
(Nicolau
Santos, artigo de opinião publicado ontem no site do jornal Expresso)
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