quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Então o caso português é um sucesso ou não?


Não há responsável europeu que não elogie o ajustamento português, por contraponto ao caso grego. Ele é a sra. Merkel, o sr. Schauble, o sr. Barroso, o sr. Rehn.
Por cá, o Governo também tem insistido que as coisdas estão a correr bem. Ele é a rápida correção do desequilíbrio externo, o excedente da balança comercial, o quase equilíbrio da balança de bens e serviços, a descida acentuada das taxas de juro da dívida portuguesa. 
Estávamos, portanto, neste engano de alma, ledo e cego, quando o ministro das Finanças vai ao Parlamento e diz que estamos nos "limites da tolerância" da troika e que isso do regresso aos mercados em 2013 "trata-se de um processo e não de um momento".
Entramos, pois, em sobressalto. Se estava tudo a correr bem e a Europa gostava tanto de nós, o que mudou para de repente nos exigirem um plano B se o OE para 2013 falhar e nos passarem um ralhete e, pelos vistos, estarem um pouco irritados connosco?
Desconfio que é por a receita da troika, aplicada com entusiasmo pelo ministro das Finanças, com o apoio acrítico do primeiro-ministro, não estar a produzir os resultados esperados.
Mas perante isso, o que a troika e o ministro das Finanças se propõe fazer é aumentar a receita no próximo ano, em vez de a reequacionar. Faz lembrar o menino que não consegue encaixar as peças do jogo e desata a dar-lhe socos para ver se vai ao sítio. No final, o puzzle não só não encaixa como fica desfeito.
Temos, pois, de fazer a pergunta aos responsáveis europeus: afinal o caso português é um sucesso ou não? E se não é, o problema não será da receita? Ou será dos portugueses?
(autor: Nicolau Santos, publicado no site do jornal Expresso)

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