Não há responsável europeu que não elogie o ajustamento
português, por contraponto ao caso grego. Ele é a sra. Merkel, o sr. Schauble,
o sr. Barroso, o sr. Rehn.
Por cá, o Governo também tem insistido que as coisdas estão
a correr bem. Ele é a rápida correção do desequilíbrio externo, o excedente da
balança comercial, o quase equilíbrio da balança de bens e serviços, a descida
acentuada das taxas de juro da dívida portuguesa.
Estávamos, portanto, neste engano de alma, ledo e cego,
quando o ministro das Finanças vai ao Parlamento e diz que estamos nos
"limites da tolerância" da troika e que isso do regresso aos mercados
em 2013 "trata-se de um processo e não de um momento".
Entramos, pois, em sobressalto. Se estava tudo a correr bem
e a Europa gostava tanto de nós, o que mudou para de repente nos exigirem um
plano B se o OE para 2013 falhar e nos passarem um ralhete e, pelos vistos,
estarem um pouco irritados connosco?
Desconfio que é por a receita da troika, aplicada com
entusiasmo pelo ministro das Finanças, com o apoio acrítico do
primeiro-ministro, não estar a produzir os resultados esperados.
Mas perante isso, o que a troika e o ministro das Finanças
se propõe fazer é aumentar a receita no próximo ano, em vez de a reequacionar.
Faz lembrar o menino que não consegue encaixar as peças do jogo e desata a
dar-lhe socos para ver se vai ao sítio. No final, o puzzle não só não encaixa
como fica desfeito.
Temos, pois, de fazer a pergunta aos responsáveis europeus:
afinal o caso português é um sucesso ou não? E se não é, o problema não será da
receita? Ou será dos portugueses?
(autor: Nicolau Santos, publicado no site do jornal Expresso)
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