Eu não gostava nada de ALA. Nem dele nem do que ele escrevia. Influenciado pelo meu filho João, tenho vindo a gostar cada vez mais, para já, das suas crónicas.
Além de eu ter novos olhos, creio que ele, ultimamente, se tem modificado: mais humano e menos presunçoso.Gostei muito da última crónica, como também tenho gostado de outras. Tem o título da data em que foi escrita.A crónica toca numa questão que me tem feito refletir muito.Diz ALA que se opta por um partido político da mesma forma que se opta por um clube de futebol. A opção é feita com base em emoções e não com base na razão. ALA cita um poeta francês, Paul Fort. Escreveu Paul Fort: "laisse penser tes sens (deixa pensar os teus sentidos".As minhas reflexões baseiam-se no conhecimento que tenho de alguns dos chamados retornados. Pessoas socialmente progressistas e politicamente reacionárias. De facto, nas antigas colónias, nos anos 60/70, os costumes eram muito mais vanguardistas, pelo menos no seio da elite branca, do que em Portugal Continental. Para eles, do ponto de vista social, foi um choque a chegada ao continente. A sociedade aqui era muito mais intolerante, conservadora e castradora do que nas antigas colónias. No entanto, muito deles tinham ficado sem os bens materiais que lhes pertenciam e atribuíam a responsabilidade, por esse facto, aos políticos de esquerda que tinham sido responsáveis pela descolonização. Fazendo um exercício de especulação, admito que, se eu tivesse passado por aquilo que os "retornados" passaram, hoje poderia defender opções políticas de direita.De qualquer maneira, a compreensão das razões que, eventualmente, tenham levado outros a assumir posições políticas diferentes das nossas não nos deve inibir de defender as nossas convicções, mas deve fazer com que sejamos tolerantes. A última frase da crónica de ALA é: "Dois homens, quando são homens, pensem o que pensarem, estão condenados a entenderem-se".
domingo, 4 de dezembro de 2016
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