quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Jorge Listopad

Prefácio do último livro de Jorge Listopad:
"Não gosto de falar de mim, mas falo — não gosto de falar dos textos, mas sou-lhes permeável. Quando escrevo, é como se fosse o meu primeiro e o meu último livro. Bem sei que entre o primeiro e o último existe apenas um espaço, ora mais curto, ora mais comprido, isso depende da potên- cia eólica dos moinhos de vento de hoje. É verdade, quase tudo é vento: em cima o do céu, em baixo a narrativa.
o livro que o leitor tem na mão, Remington, divide-se em duas partes, ciente que a comunicação tem vários processos. a primeira parte chama-se Vale das borboletas mortas. ao escrevê- -la, por vezes sorri, moderei o meu amor e até me deixei apa- nhar pela melancolia eslava; quiçá repeti-me e, se assim foi, perdi tempo e os contos perderam o carácter de mistério que consiste numa proposta entre o real e a ficção e cuja síntese me atrai tremendamente. Quarenta e um contos sem parasitação teórica.
a segunda parte aproxima-se de uma outra realidade, diria alucinatória, traduzida por uma técnica de narrar. porém, mesmo assim, o rio da memória encharca os pés dos tex- tos. o nome desta série pertence a um enredo que procura Gibraltar, onde o território de facto não consta, ou, antes, não figura no mapa que conhecemos, na sua passagem entre o Mediterrâneo amado e o atlântico respeitado, isto é, entre o nosso Homero e um qualquer Neptuno metafísico.
entre o primeiro livro e este último — Remington — existem apenas coisas da vida e do seu oposto."
Dois contos lidos, aqui
Três contos, aqui
Crítica no Ipsilon, aqui
Sobre o livro, na TSF, aqui
Excertos da entrevista a Jorge Listopad, em 2003, aqui

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