A mostra reúne bibliografia
publicada em Portugal de e sobre Søren Kierkegaard (1813-1855) e um conjunto de
16 painéis descritivos da sua vida e obra, que assinalam e celebram o
bicentenário do seu nascimento. Além da Biblioteca Nacional de Portugal e das
instituições culturais dinamarquesas responsáveis pela sua conceção, tuteladas
pelos Ministérios da Cultura e dos Negócios Estrangeiros da Dinamarca, a mostra
conta com o apoio da Embaixada da Dinamarca em Lisboa e do Centro de Filosofia
da Universidade de Lisboa.
A obra de Søren Kierkegaard —
muita dela escrita sob pseudónimo — atingiu, em vida do autor, um escasso
número de leitores. Pelo contrário, a partir do início do séc. XX, a sua obra
passou a ser objeto de intensa e generalizada investigação. Kierkegaard exerceu
uma influência significativa em filósofos de várias escolas e nacionalidades,
entre os quais se contam Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Albert Camus, e
também Miguel de Unamuno, Martin Heidegger, Karl Jaspers e Ludwig Wittgenstein,
e, na atualidade, por exemplo, Alain Badiou ou Slavoj Žižek. No campo da
teologia, Kierkegaard marcou, entre outros, Dietrich Bonhoeffer, Paul Tillich,
Karl Bath e Rudolf Bultmann. No campo literário, o impacto de Kierkegaard é
reconhecível, numa primeira geração, em Henrik Ibsen, August Strindberg e Franz
Kafka, mas hoje em dia estende-se a autores de muitas outras literaturas.
Em Portugal, durante o séc. XX, a
receção de Søren Kierkegaard caracteriza-se por uma investigação de iniciativa
marcadamente individual ao longo de sucessivas gerações de tradutores e de filósofos.
Distinguem-se inicialmente Adolfo Casais Monteiro (1908-1972), José Marinho
(1904-1975), e Delfim Santos (1907-1966), cuja influência se desenvolveu tanto
nos círculos literários como académicos. Eduardo Lourenço (n.1923) é a figura
dominante na geração que acolhe criticamente o Existencialismo. Merece também
destaque o fluxo ensaístico que veio a lume durante a década de 60, revelador
da presença contínua da filosofia de Kierkegaard na produção literária e
filosófica em Portugal. É a primeira década do séc. XXI que anuncia um novo
fôlego na investigação kierkegaardiana, que surge agora mais enraizada na
universidade. Publicaram-se as primeiras traduções a partir do original
dinamarquês, acompanhadas pela realização regular de conferências e pela publicação
de estudos sobre a obra do autor, num conjunto de realizações que assinala
inequivocamente uma mudança de paradigma na receção portuguesa do filósofo
dinamarquês.
(do site da Biblioteca Nacional)
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