A reação de Pedro Passos
Coelho à decisão do Tribunal Constitucional faz lembrar a música de Lucio
Dalla, "Balla, balla, ballerino".
Passos não consegue dançar
em cima das ondas ou no planalto entre duas montanhas. Para ele, a decisão do
TC é uma pistola apontada à cabeça - e, em particular, à sua visão do Estado e
da economia.
Por isso, ameaça punir-nos
com mais cortes na educação, na saúde e nas prestações sociais, como retaliação
pela decisão do TC.
Mas o que Passos não
explica é porque os cortes têm de ser sempre nestas áreas, ignorando a redução
do número de municípios ou os cortes na área da defesa, que estão inscritos no
memorando de entendimento, mas que o Governo deixou cair.
Mas o que Passos não
explica é porque não consegue acomodar os 1300 milhões de despesa a mais que
decorrem da decisão do TC no corte de 4000 milhões da despesa pública que disse
que estava a preparar.
Mas o que Passos não
explica é porque razão estes 1300 milhões de despesa a mais são assim tão
dramáticos - quando, no ano passado, a derrapagem orçamental foi o triplo e o
Governo não manifestou nenhuns sinais de pânico.
Mas o que Passos não
consegue explicar é porque o Orçamento deste ano foi elaborado com base na
previsão surrealista de uma recessão de 1% - e três meses depois o próprio
Governo reconhecia que seria mais do dobro. E, como é óbvio, este descalabro
nada tem a ver com a decisão do TC.
Na declaração de Passos, há
uma coisa positiva: não vai abdicar. Faz muito bem. Foi eleito para quatro anos
e deve governar durante esse período. Eleições agora seriam um desastre para o
país, já que a solução que daí saíria seria bem pior do que aquela que existe
atualmente.
Por isso, como diz Lucio
Dalla, o genial criador de "Caruso", "balla balla ballerino
tutta la notte e al matino". Ou seja, aguente. O país está farto de
primeiros-ministros que abandonam o barco no meio da tempestade, invocando
desculpas esfarrapadas.
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